O ministro da Defesa, Raul Jungmann, defendeu os projetos estratégicos das Forças Armadas durante aula magna do Curso Superior de Defesa (CSD), hoje, na Escola Superior de Guerra (ESG), na capital fluminense. Segundo o ministro, para que esses projetos sejam concluídos é necessária previsibilidade orçamentária.
Jungmann proferiu palestra para 184 alunos do CSD – sendo 153 militares das Forças Armadas, 25 civis, quatro policiais militares, um oficial da Argentina e outro do Paquistão – onde destacou o cenário nacional e internacional, bem como expôs os principais acontecimentos que marcaram a evolução das Forças Armadas nas últimas décadas.
“É um reencontro que nos deixa honrados. Como homenagem a essa escola, decidi deixar de lado o discurso pronto e trazer aqui uma visão pessoal da Defesa e do Brasil”, disse o ministro que, em seguida, passou a traçar uma análise da evolução do país até desfechar pelos marcos que nortearam as bases das Forças Armadas e do próprio Ministério da Defesa.
Jungmann mostrou a evolução tomando por base as últimas cinco décadas. Elencou algumas conquistas nesse período, como a democracia estável, a liberdade de imprensa, a liberdade civil, com o direito de ir e vir. E as Forças Armadas, nesse contexto, representam um dos pilares da democracia.
O ministro destacou também a melhoria na inclusão social, embora considerou que os avanços poderiam ser mais rápidos. Ele falou sobre o crescimento da população, que em 1890 era de 14,3 milhões de brasileiros, chegando em 2016 a 206 milhões de habitantes. Ao mesmo tempo, contou sobre o crescimento do PIB, que em 1962 chegava a US$ 19,7 bilhões, saltando para US$ 2,3 trilhões no ano passado.
“Estamos entre as oito ou sete nações com o maior PIB”, disse.
Enquanto isso, 39 milhões de cidadãos estão na faixa da pobreza e, deste total, 10,4 milhões vivem na miséria. Para o ministro, o Brasil também carrega outros pontos que precisam ser melhorados, como 70º no ranking dos países em educação de qualidade. Jungmann lamentou o índice de homicídios. Entre 2010 a 2015 foram registrados 58 mil assassinatos, “se matou mais do que toda guerra na Síria”.
Defesa
Ao discorrer sobre o tema defesa, o ministro abordou a linha do tempo que vai desde a criação do Estado-Maior Geral, criado em 1946, passando pela fundação da ESG e o Estado-Maior das Forças Armadas, em 1949, e o Conceito Estratégico Nacional, em 1969. Três décadas depois, surge o Ministério da Defesa que teve um marco importante em 2008 com a criação da Estratégia Nacional de Defesa (END), seguida pela Política Nacional de Defesa (PND) e o Livro Branco da Defesa Nacional, documentos que estão no Congresso Nacional em suas respectivas atualizações.
Na exposição, Jungmann abordou as constantes ações de Garantia da Lei e da Ordem (GLO), que em sua gestão ocorreram sete vezes. De 2008 até agora foram 44 ações de emprego das Forças Armadas. Para o ministro, este modelo precisa ser revisto.
O ministro afirmou que é preciso fortalecer a Base Industrial de Defesa (BID) e estabelecer uma carreira de analista de defesa.