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FAB se prepara para receber o F-39

Ten Jussara Peccini


Antecipação. Essa é a palavra que resume a atuação da Força Aérea Brasileira (FAB) em relação a chegada da nova aeronave de combate, o Gripen NG, prevista para 2019.

“Em termos de conteúdo e ideias doutrinárias, nossas atribuições são voltadas para que, quando o avião chegar, não iniciemos do zero. Isso vai permitir que possamos operar em um nível que apresente efetividade de resultados logo no início”, avalia o Tenente-Coronel Renato Leal Leite, que lidera o “Grupo Fox”, nome da equipe de seis pilotos de caça dedicada à gerência operacional do projeto. O grupo trabalha desde janeiro no Comando de Preparo (Comprep), em Brasília (DF), na coordenação de implantação do caça, que por aqui recebeu a designação de F-39.

“O Gripen não é apenas um avião, é um sistema. E o nível de complexidade dele é grande. O trabalho do grupo vai ajudar a operação ocorrer em sua plenitude, mais rápido”, ressalta. O F-39 é um avião com capacidade multimissão: defesa aérea, ataque e reconhecimento. O primeiro voo do protótipo na Suécia está programado, de acordo com a fabricante, para o segundo semestre deste ano.

Nos primeiros 70 dias, além de organizar o plano de trabalho submetido à aprovação do Comando de Preparo, os oficiais estiveram envolvidos também em atividades de suporte à fabricante, Saab, sobre aspectos de desenvolvimento da aeronave, como a interface da aviônica (painel que apresenta as informações de voo e sobre o avião). “É bem técnico”, enfatiza.

No plano de trabalho, que vai se estender até 2021, o grupo terá um relacionamento estreito com a Comissão Coordenadora do Programa Aeronave de Combate (Copac), responsável pelo contrato de aquisição das 36 unidades do caça. “O ponto-chave é concentrar os conhecimentos relacionados à questão operacional”, afirma o oficial.

Outra atribuição será o assessoramento aos “grandes comandos” da FAB em relação à infraestrutura a ser disponibilizada na Ala 2 (antes denominada de Base Aérea de Anápolis), em Goiás.O local será o primeiro a receber o F-39 e a ideia é garantir o início da operação de maneira efetiva.

A experiência dos pilotos que integram o time será importante para os desafios que a FAB terá ao longo dos próximos dois anos. Entre os oficiais que compõem o grupo está o Capitão Ramon Lincoln Santos Fórneas, um dos pilotos brasileiros que realizaram o curso do Gripen na Suécia e recentemente retornou ao país nórdico para o encontro de países que operam a aeronave, para intercâmbio de combate em simuladores. Outros militares também podem ser requisitados como colaboradores para atender a necessidades específicas.

Nova doutrina – As novas capacidades do F-39 trazem desafios de operação que não se restringem aos pilotos brasileiros. Segundo o Tenente-Coronel Leite, o novo caça possui recursos operacionais que podem ser considerados “sistemas revolucionários” para a aviação de combate no mundo, a exemplo do sensor infravermelho de busca e rastreamento (IRST – Infrared Search and Tracking) que permite identificar alvos e é apresentado de maneira integrada ao piloto. “Será necessário desenvolver doutrina para esses sistemas que são inovadores”, explica o oficial.

Por isso, entre as atribuições do grupo está a coordenação com os órgãos da FAB para realizar estudos a respeito das capacidades e possibilidades da aeronave F-39, com objetivo de desenvolver conteúdo doutrinário a ser proposto para a operação do novo avião.

A lista de tarefas também contempla a proposta de uma estrutura organizacional e a composição do efetivo das unidades operadoras de F-39 de maneira a atender às demandas operacionais e logísticas do novo conceito implantado. Também estão previstas interações e intercâmbios operacionais com outros operadores do Gripen com o intuito de agregar conhecimento ao desenvolvimento da doutrina de emprego da aeronave.

Desenvolvimento –  Em relação ao processo de transferência de tecnologia, em novembro de 2016, foi inaugurado o Centro de Projetos e Desenvolvimento do Gripen (GDDN), em Gavião Peixoto (SP).O espaço é considerado o principal marco no processo de transferência de tecnologia entre Brasil e Suécia. Quando estiver em pleno funcionamento, cerca de 300 engenheiros e técnicos estarão trabalhando no desenvolvimento da aeronave. Das 36 unidades adquiridas pelo Brasil, 23 serão produzidas pela Embraer, sendo 15 totalmente fabricadas aqui. O centro brasileiro está conectado à Saab na Suécia e aos parceiros industriais no Brasil.

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