Francisco Beltrão (PR) – No dia 28 de março, o 16° Esquadrão de Cavalaria Mecanizado (16º Esq C Mec) realizou uma cerimônia em homenagem ao Segundo-Tenente Carlos Argemiro Camargo, personagem histórico, morto há 52 anos no cumprimento do dever, cujo nome está relacionado à Unidade militar e ao Exército em Francisco Beltrão. A solenidade foi presidida pelo Comandante da 15ª Brigada de Infantaria Mecanizada, General de Brigada Marcos de Sá Affonso da Costa.
Dentre os participantes da solenidade, encontravam-se um Pelotão do 33ª Batalhão de Infantaria Mecanizado, diversas autoridades da cidade, familiares e ex-companheiros do Tenente Camargo, como os Senhores Nelson Behne, Moacir Pilonetto, Arno Barbieri e Roberto Lampugnani.
No encerramento da formatura, o Comandante do Esquadrão, Major Luiz Fernando Coradini, convidou o General Affonso da Costa e a Senhora Marinêz Corrêa Soares Bosio, sobrinha do Tenente Camargo, para, juntos, depositarem uma corbelha de flores no túmulo do Herói.
Quem foi o Tenente Camargo
Carlos Argemiro Camargo nasceu em 15 de abril de 1938, na cidade de Ponta Grossa (PR), filho de Rômulo Camargo e Leondrina Rodrigues. Convocado para o serviço militar, foi incorporando no 13º Regimento de Infantaria (13º RI) em 1957. Dois anos depois, foi transferido para a recém-instalada 1ª Companhia do 13º RI, localizado na cidade de Francisco Beltrão (PR), onde hoje está instalado o 16º Esq C Mec.
Era uma época difícil na História do Brasil, na qual a divisão era uma ameaça real para os destinos da Nação. Foi nesse contexto que, em 26 de março de 1965, o posto de telegrafia da 1ª Companhia do 13º RI recebeu ordem do escalão superior para interceptar um grupo armado subversivo, que já havia atacado destacamentos da Brigada Militar do Rio Grande do Sul nas localidades de Três Passos e Tenente Portela.
Imediatamente, o Comando da Subunidade destacou uma patrulha, comandada pelo Tenente Lemos. O então Terceiro-Sargento Carlos Argemiro Camargo partiu de Francisco Beltrão, integrando essa patrulha. Em seguida, foram recebidos informes de que o grupo armado havia sido visto na região de Capanema, seguindo em direção a Foz do Iguaçu, onde o Presidente do Brasil à época, Castello Branco, e o do Paraguai, Alfredo Stroessner, estariam reunidos para a inauguração da Ponte Internacional da Amizade.
Sabendo das ações da tropa da 1ª Companhia do 13º RI, o grupo subversivo preparou uma emboscada e recebeu a patrulha próximo a Marmelândia (PR), a tiros. Dois desses disparos vieram a alcançar o 3º Sgt Camargo, um na perna e outro no peito. Era o dia 27 de março de 1965. Apesar da baixa, a missão prosseguiu e, no mesmo dia, o grupo armado foi alcançado e preso.
O Terceiro-Sargento Camargo, na época com 26 anos, deu sua vida em defesa da Nação, no estrito cumprimento de seu dever. Havia casado recentemente com a senhora Maria da Penha Correa Soares, deixando-a grávida no 7º mês de gestação de seu primeiro e único filho.
Sua morte prematura causou comoção nacional, mas abalou sobremaneira a população beltronense, que já havia o abraçado como um de seus filhos. Totalmente integrado à comunidade local, além de militar, atuava como professor de voleibol no Colégio das Irmãs, hoje Colégio Nossa Senhora da Glória. Sua memória está eternizada na denominação de logradouros e estabelecimentos de ensino em diversos municípios da Federação. Foi promovido post-mortem ao posto de Segundo-Tenente e recebeu a Medalha do Pacificador.
Ao homenagear o Tenente Camargo, o Exército reverencia a figura do Soldado Brasileiro, que, no cumprimento da missão, seguiu, até a última letra, o juramento que fez: “Dedicar-me inteiramente ao serviço da Pátria, cuja Honra, Integridade e Instituições defenderei com o sacrifício da própria vida”.
Nota DefesaNet
A manifestação em homenagem ao Ten Camargo mostra uma mudança de atitude significativa do Exército Brasileiro. Abandona a posição envergonhada e passa a tratar o assunto publicamente.
O Editor