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Toneladas de Diplomacia: Taipei denuncia presença militar chinesa no Estreito de Taiwan

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O governo taiwanês denunciou nesta quarta-feira (11/01) que a China enviou uma frota naval, liderada por um porta-aviões, ao Estreito de Taiwan, que separa o país insular da China continental, acirrando as tensões entre Pequim e Taipei.

As autoridades de Taiwan pediram que a população mantenha a calma, informando que aviões e navios militares monitoram a movimentação dos navios chineses. Caças F-16 e a sistemas militares de vigilância do Japão acompanham de perto a situação. "Nossas forças militares monitoram a situação e agirão se necessário", afirmou o Ministério da Defesa de Taiwan.

"Quero ressaltar que nosso governo tem capacidade suficiente de proteger nossa segurança nacional. Não é necessário entrar em pânico", afirmou o ministro do Conselho de Assuntos Continentais de Taiwan, Chang Hsiao-yueh. Ele avalia que 2017 será um ano difícil para as relações sino-taiwanesas e destacou que "ameaças não vão beneficiar os laços entre os dois lados do Estreito".

Poderio militar

O porta-aviões Liaoning, o único que a China possui, retornava do Mar da China Meridional. A embarcação foi enviada no mês passado para uma visita ao território disputado entre Pequim e seus vizinhos na região, localizado numa das principais rotas do comércio marítimo mundial.

A delicada relação entre a China e Taiwan

A questão taiwanesa é um dos temas mais delicados na República Popular da China, que considera a ilha de Taiwan (ou Formosa) como parte do seu território, na forma de uma província dissidente. Se a ilha tentar sua independência, deve ser impedida à força, na interpretação chinesa.

Já o governo de Taiwan, ou oficialmente República da China, vê-se como um estado soberano, com constituição, forças armadas, moeda e eleições democráticas. A capital é Taipé. Na prática, Taiwan é separado da China desde 1949, quando o aparato governamental do partido Kuomintang fugiu para a ilha, vindo do território continental chinês, que havia sido tomado pelos comunistas liderados por Mao Tse-tung.

No âmbito internacional, os dois governos se viram durante muitos tempos como representantes únicos da nação chinesa e consideraram o outro lado como ilegítimo. Até os anos 1970, a maioria dos países alinhados aos Estados Unidos considerava a República da China (Taiwan) como a única China, enquanto que o bloco comunista dava esse status à República Popular da China.

No Conselho de Segurança da ONU, por exemplo, a cadeira reservada à China era ocupada pelo governo da República da China, ou Taiwan. Só em 1971 as Nações Unidas mudaram de posição, passando a reconhecer a República Popular da China como representante da nação chinesa.

Já os Estados Unidos, de longe o principal aliado de Taiwan, trocaram o reconhecimento diplomático de Taiwan para a China em 1979, num processo de aproximação com Pequim. Desde então, os EUA não reconhecem diplomaticamente Taiwan e nenhum presidente americano jamais ligou para um líder taiwanês. Ainda assim, os americanos mantiveram a parceria com Taiwan, a quem fornecem armas, e se declaram comprometidos com a segurança da ilha.

Apesar de, formalmente, os dois lados ainda se verem como representantes de toda a China, a questão se relativizou nos últimos anos. A República Popular da China, por exemplo, considera que há apenas uma China, composta do território continental e de Taiwan, mas diferentes interpretações do que seria essa uma China. A eleição de Ma Ying-jeou em Taiwan, em 2008, também ajudou a aproximar os países.

Desde os anos 1980, os dois lados também se aproximaram movidos por interesses comerciais. A China é hoje o maior parceiro comercial de Taiwan. Já a ilha é um dos principais investidores na República Popular.

Histórico

Em 1895, a dinastia Qing cedeu Taiwan ao Japão, depois da derrota na Primeira Guerra Sino-Japonesa. Com a derrota do Japão na Segunda Guerra Mundial, os Aliados devolveram Taiwan à China, que era então governada por Chiang Kai-shek e se chamava oficialmente República da China.

Só que, nos anos seguintes, as forças de Chiang Kai-shek foram sendo sistematicamente derrotadas pelos comunistas liderados por Mao Tse-tung. Como resultado, Chiang e seu aparato governamental, formado pelo partido Kuomintang, fugiram para a ilha de Taiwan em 1949.

O que era uma ditadura tornou-se ao poucos uma democracia, num processo liderado pelo filho de Chiang Kai-shek, Chiang Ching-kuo. Assim, em 2000 foi eleito o primeiro presidente não ligado ao Kuomintang, Chen Shui-ban.

O Ministério da Defesa de Taiwan afirma que a frota chinesa não invadiu as águas territoriais do país, mas entrou numa zona de identificação de seu espaço aéreo ao navegar numa linha que divide o Estreito de Taiwan entre territórios de Pequim e Taipei.

Analistas afirmam que a manobra seria uma manifestação da intenção de Pequim de assegurar seu domínio sobre a região, se necessário, utilizando força militar.

Encomendado pela China em 2012, o Liaoning foi construído a partir da estrutura de um porta-aviões soviético, se tornando símbolo da sofisticação e do poderio militar do país.

Desde a cisão entre Pequim e Taipei em 1949, a relação entre os dois lados é caracterizada por uma trégua instável. Os laços se deterioraram ainda mais após a eleição da presidente pró-independência Tsai Ing-wen, em maio de 2016. A China alertou sobre os riscos de acirramento das tensões caso o novo governo questione a soberania chinesa sobre Taiwan.

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