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Escalada na Síria torna abrandamento da UE com a Rússia menos provável

Indignada com a intensificação dos ataques aéreos da Rússia contra rebeldes da Síria, a União Europeia deve ficar agora menos inclinada a amenizar as sanções impostas a Moscou por causa da Ucrânia, disseram diplomatas, e no bloco há quem mencione a perspectiva de mais medidas punitivas contra o Kremlin.

Embora a UE diga que os conflitos na Síria e na Ucrânia precisam ser mantidos separados, a mais recente ofensiva militar de Damasco e a aliada Rússia em Aleppo, cidade dominada pelos rebeldes, deteriora ainda mais os laços já tensionados entre Moscou e o bloco.

Isso enfraquece a atuação de Itália, Hungria e outros que vêm aumentando a pressão continuamente para obter uma suavização das sanções, a retomada dos negócios e o reatamento com Moscou depois de inicialmente punir os russos com medidas punitivas em reação à anexação da Crimeia em março de 2014.

"Está claro que o ataque a Aleppo mudou a mentalidade de alguns. Será impossível apoiar um abrandamento das sanções referentes à Ucrânia no contexto atual", disse um chanceler da UE.

Uma fonte diplomática francesa ecoou essa opinião, dizendo: "A perspectiva de as sanções russas referentes à Ucrânia serem suspensas são praticamente nulas depois de Aleppo".

A França diz que os ataques em Aleppo equivalem a crimes de guerra e quer Síria e Rússia investigadas. Na segunda-feira, autoridades da UE e da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) disseram que as sanções sobre a Rússia devidas à situação na Ucrânia deveriam ser mantidas.

"Simplesmente não existe apetite para uma suavização das sanções agora. A Ucrânia é uma coisa, mas o que está acontecendo na Síria não cria nenhum clima para uma melhoria geral nos laços com a Rússia", disse um diplomata em Bruxelas.

Líderes da UE irão debater suas relações com Moscou em Bruxelas nos dias 20 e 21 de outubro. As principais sanções econômicas do bloco à Rússia por causa da Ucrânia em vigor estão previstas para durar até o final de janeiro.

Elas incluem restrições ao acesso russo a financiamentos internacionais, limites na cooperação em defesa e energia com Moscou, uma lista negra de pessoas e entidades e limitações à realização de negócios com a Crimeia anexada.

Rússia retoma bombardeios pesados no leste de Aleppo

Caças da Rússia retomaram os bombardeios pesados no leste de Aleppo, cidade síria dominada pelos rebeldes, nesta terça-feira, depois de vários dias de calma relativa, disseram uma autoridade rebelde e o grupo de monitoramento Observatório Sírio para os Direitos Humanos, sediado no Reino Unido.

Os ataques aéreos atingiram principalmente o bairro de Bustan al-Qasr, disse à Reuters Zakaria Malhifji, do grupo insurgente Fastaqim, baseado em Aleppo.

"O bombardeio foi retomado, e está pesado", disse.

O Observatório disse que ao menos oito pessoas foram mortas nos bairros de Bustan al-Qasr e Fardous.

Moscou e Damasco reduziram a ofensiva aérea na cidade do norte da Síria na semana passada. O Exército sírio disse que isso foi feito em parte para permitir que os civis saiam dos bairros do leste controlados pela oposição.

O governo sírio disse que os rebeldes entrincheirados em Aleppo podem partir com suas famílias se depuserem as armas.

Os insurgentes repudiaram a oferta, que veem como uma armadilha.

O presidente da Síria, Bashar al-Assad, quer finalizar a reconquista total de Aleppo, maior cidade do país antes da guerra de cinco anos e meio e cujo controle está dividido entre governo e oposição há anos.

Putin cancela visita a Paris após França dizer que só quer tratar da Síria

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, não irá a Paris na semana que vem, nem se reunirá com o presidente francês ou a primeira-ministra alemã para discutir a crise síria, disse o porta-voz do Kremlin Dmitry Peskov, na terça-feira.

A informação do cancelamento da viagem de Putin já havia sido dada por uma fonte francesa mais cedo, pela recusa do presidente russo em se reunir com François Hollande só para conversar sobre a Síria, no exemplo mais recente de deterioração dos laços entre Moscou e o Ocidente.

Autoridades francesas vêm se esforçando para encontrar meios de renovar a pressão sobre a Rússia desde que Moscou vetou uma resolução sobre a Síria no Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) formulada pela França. A revolta crescente com os acontecimentos nas áreas rebeldes da cidade síria de Aleppo levou as autoridades a repensarem uma recepção a Putin no dia 19 de outubro.

"Houve contatos entre o Kremlin e o Eliseu hoje de manhã para oferecer a Putin uma visita de trabalho sobre a Síria, mas excluindo todos os outros eventos dos quais o presidente Hollande poderia ter participado", disse a fonte. "Em resposta a esta proposta, a Rússia só indicou que quer adiar a visita planejada para 19 de outubro."

O líder russo teria em sua agenda a inauguração de uma nova catedral russa ortodoxa e uma visita a uma exibição de arte russa na capital francesa.

"O presidente (Putin) observou que poderá visitar Paris no momento que for conveniente para (o presidente francês) Hollande", disse o porta-voz Peskov. "Vamos esperar esse momento conveniente chegar."

Na segunda-feira, o ministro das Relações Exteriores da França disse que seus diplomatas estão trabalhando para encontrar uma maneira de o promotor do Tribunal Penal Internacional iniciar uma investigação de crimes de guerra que a corte diz terem sido cometidos

 

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