No dia seguinte à tomada da cidade de Jarablus por grupos rebeldes sírios, mais dez tanques de guerra turcos, acompanhados de outros dez veículos armados, cruzaram a fronteira do país com a Síria, reforçando a ofensiva contra alvos da organização extremista "Estado Islâmico" (EI) na fronteira.
Os tanques se juntaram nesta quinta-feira (25/08) a um contingente de outros 12 blindados que já estavam em solo sírio desde o dia anterior, como parte da operação batizada de Escudo do Eufrates. Foi a intervenção turca que, dentro de horas, permitiu que rebeldes capturassem a cidade, último bastião do EI na região.
A ofensiva marca a primeira vez em que forças turcas apoiadas pelos Estados Unidos atravessam a fronteira com o país vizinho para intervir contra o EI, além de agir também contra milícias curdas na região.
Segundo o Observatório Sírio dos Direitos Humanos, os rebeldes sírios que tomaram Jarablus avançaram mais dez quilômetros ao sul da cidade, na fronteira entre a Turquia e a Síria. Ao mesmo tempo, forças curdas ganharam 8 quilômetros de território rumo ao norte, numa aparente tentativa de evitar os avanços dos rebeldes.
Na quarta-feira, o primeiro-ministro turco, Binali Yildirim, disse que, após o êxito em Jarablus, as forças turcas deverão continuar suas operações na região, numa tentativa de forçar o recuo da milícia curdo-síria Unidades de Proteção Popular (YPG) para a margem oposta do rio Eufrates.
O principal objetivo da operação era evitar que a população de Jarablus fosse liberada do "Estado Islâmico" por milícias curdas, que avançam e poderiam criar um corredor curdo na fronteira.
A Turquia está atenta aos ganhos territoriais dos curdos na guerra civil da Síria e teme que isso possa inflar o movimento separatista da minoria curda em seu território. Curdos estabeleceram três zonas autônomas no norte da Síria desde que a guerra civil eclodiu, em 2011. Eles negam, porém, que estejam tentando fundar um Estado próprio.
"Nosso acordo com os EUA estabelece que os curdos em Manbij e região devem se retirar para a margem leste do Eufrates", afirmou Yildirim.
O ministro turco da Defesa, Fikri Isik, disse que o desejo de Ancara é atingir esse objetivo dentro de uma semana. Segundo afirmou, nenhuma baixa foi registrada nas forças turcas que realizaram a "limpeza" dos membros do EI de Jarablus.
Segundo o colunista Abdulkadir Selvi, do jornal turco Hurriyet, a operação visa criar uma zona livre de grupos terroristas e limitar os avanços das milícias curdas. Ele afirma que 450 soldados turcos entraram no território sírio no primeiro dia da ofensiva, e que esse número poderá aumentar para 15 mil. O jornal, citando fontes militares, diz que cem militantes do EI teriam morrido durante os combates.
Manbij foi libertada recentemente das mãos do EI por uma aliança liderada pelo YPG. Nesta quinta-feira, o grupo curdo afirmou as milícias que haviam tomado a cidade retornaram às suas bases após o término da missão.
Em comunicado, o YPG diz que o comando militar e todas as posições tomadas foram entregues a um conselho militar local, enquanto o controle da cidade havia sido transferido para um conselho civil no dia 15 de agosto.
No comunicado, o YPG afirma que os conselhos militar e civis de Manbij são formados por pessoas locais. O grupo, porém, não mencionou a localização de suas bases.