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Ocidente tem limitado poder de influência na guerra síria

Há duas semanas, o surpreendente rompimento, por parte dos rebeldes, do cerco imposto pelas tropas sírias no leste de Aleppo não trouxe nenhum alívio significativo para a população civil. É verdade que os insurgentes impuseram uma derrota ao regime do presidente Bashar al-Assad e sua força de proteção russa, mas até 300 mil moradores continuam encurralados em Aleppo. A situação de abastecimento é dramática: 1,5 milhão de pessoas estão sem eletricidade e água potável. O que se aproxima é a maior catástrofe humanitária da guerra civil na Síria.

Portanto, é positivo quando o ministro alemão da Ajuda ao Desenvolvimento, Gerd Müller, faz soar o alarme e pede mais ajuda da União Europeia para as vítimas da guerra. Também o ministro do Exterior, Frank-Walter Steinmeier, considera a possibilidade de abastecimento da população através de um corredor aéreo.

Diante dessa nova dimensão de sofrimento da população, não há dúvidas de que essas reivindicações são importantes e corretas. Mas, ao mesmo tempo, elas mostram como é limitado o poder de influência do Ocidente sobre os atuais acontecimentos na região.

Pois, para aliviar o sofrimento da população sitiada seriam necessários vários dias de cessar-fogo ou a suspensão imediata de todas as hostilidades, especialmente depois que a criação de corredores humanitários se revelou uma encenação por parte da Rússia e do regime de Assad.

Mas apelos diplomáticos não bastam para que essas exigências virem realidade. E é exatamente aí que reside o dilema. Ou, dito de maneira bem clara: o real fracasso do Ocidente se deve ao fato de os responsáveis políticos em Washington e Bruxelas terem decidido muito cedo não intervir militarmente na Síria e, em vez disso, "deixar o conflito sangrar", como expressou cinicamente um diplomata ocidental.

No mais tardar quando se tornou claro que o regime opressivo de Assad deixava uma revolução originalmente pacífica se transformar num caso militar, trabalhando pela divisão confessional da sociedade, era chegada a hora de apoiar a oposição de forma enérgica para evitar que as forças islâmicas radicais ocupassem o vácuo de poder resultante.

Enquanto Assad recebia amplo apoio da Rússia, do Irã e das forças xiitas no Líbano e no Iraque, as potências ocidentais não conseguiam formular uma política comum para a Síria. Por conta dessa omissão, principalmente com o enfraquecimento da "doutrina da linha vermelha" pelo governo de Barack Obama, depois do uso de armas químicas, o Ocidente perdeu grande parte de sua credibilidade e capacidade de intervenção nesse conflito.

Então, o que fazer? Essa pergunta é difícil de responder. Tudo depende da vontade política do presidente russo, Vladimir Putin. Com sua intervenção, há um ano, ele virou a situação a favor de Assad. Nesse meio tempo, o regime conseguiu se estabilizar, também com a ajuda do Hisbolá e das milícias xiitas. De qualquer maneira, uma solução política para a complexa guerra por procuração na Síria que vá contra a vontade de Moscou parece pouco provável.

Para fazer Putin mudar de posição é necessário mais do que apelos diplomáticos, já que o chefe do Kremlin quer mostrar força, também como um sinal para o Ocidente em relação à Ucrânia. E ele persegue metas claras na Síria – a tragédia dos sírios e a destruição do país pouco lhe interessam.

Também as potências regionais não conseguem influenciar decisivamente o desenrolar da guerra: os sunitas árabes são muito fracos e incapazes de coordenar sua política regional. E, desde a fracassada tentativa de golpe militar, a Turquia está ocupada consigo mesma e não gostaria de comprometer suas relações recém reativadas com a Rússia. Também por isso Ancara silencia sobre os massacres em Aleppo.

Só quando o governo dos EUA alterar substancialmente seu curso em relação a Assad e seu protetor em Moscou e colocar sua impotência fingida à parte haverá alguma mudança na atual constelação do conflito. Mas como a corrida eleitoral nos EUA paralisa a política externa, Putin deverá ter as mãos livres para agir na Síria até o final do ano. As consequências de sua política cínica serão sentidas também na Europa.


Loay Mudhoon é especialista em Oriente Médio da DW

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