Israel e Turquia anunciaram nesta segunda-feira (27/06) a retomada das relações diplomáticas entre os dois países, após seis anos de tensões.
O governo israelense se comprometeu a pagar 18,14 milhões de euros em indenizações por um ataque em 2010 a uma frota internacional que pretendia romper o bloqueio à Faixa de Gaza imposto por Tel Aviv.
Forças israelenses atacaram o navio Mavi Marmara, fretado por uma organização não governamental turca para tentar romper o bloqueio e levar ajuda humanitária ao território. Dez ativistas turcos morreram na operação.
O primeiro-ministro turco, Binali Yildirim, afirmou que os dois países irão trocar embaixadores "assim que possível". O acordo será assinado nesta terça-feira pelo subsecretário das Relações Exteriores, Feridun Sinirlioglu, reunido em Roma com a delegação israelense, e depois deve ser aprovado pelo Parlamento em Ancara.
Yildirim lembrou que seu homólogo israelense, Benjamin Netanyahu, se desculpou pelo ataque em 2013 e confirmou que Israel irá pagar 20 milhões de dólares em compensações às famílias de vítimas do ataque – duas das exigências de Ancara para permitir a normalização das relações diplomáticas.
Bloqueio a Gaza continua
O que mais atrasou o acordo foi uma terceira condição imposta pela Turquia: o levantamento do bloqueio israelense a Gaza. A questão foi resolvida após uma concessão de Israel, que permitirá à Turquia enviar ajuda humanitária e construir infraestruturas no território.
Yildirim informou que, já nesta sexta-feira, a Turquia enviará uma embarcação com 10 mil toneladas de ajuda humanitária, que desembarcará no porto israelense de Ashdod com destino a Gaza.
O acordo irá possibilitar o término da construção de um hospital em Gaza com 200 leitos, além do início de projetos de moradias públicas e a criação de uma zona industrial em Jenin, na Cisjordânia. O primeiro-ministro ressaltou que a Turquia seguirá defendendo o direito dos palestinos de estabelecer um Estado próprio.
Netanyahu afirmou em Roma que a reaproximação terá "consequências positivas" e "imensas para a economia" de Israel, que procura parceiros comerciais para as reservas de gás que vai começar a explorar no Mar Mediterrâneo. O premiê, porém, disse que o bloqueio marítimo a Gaza, sob o poder do movimento radical islâmico Hamas, será mantido.