- LAURA ZAMORA
Os atentados do 11/9 deixaram milhares de mortos, milhões de dólares em destroços e uma transformação total da perspectiva de como seus habitantes, o governo e o mundo inteiro veem os Estados Unidos.
A razão principal para a mudança: os terroristas aproveitaram brechas no sistema de imigração para poder viver no país e prepararem-se para atacá-lo, mas antes tiveram acesso ilimitado devido às escassas medidas de segurança que imperavam nos aeroportos e nas fronteiras na época.
Hoje, 10 anos depois, os erros que permitiram acesso aos agressores de 11/9 provocaram uma mudança no sentido de alerta dos americanos e de seu governo, que criou o Departamento de Segurança Nacional, que integra várias agências – entre elas o serviço de imigração -, para prevenir que um ataque similar jamais volte a ocorrer.
"Eu acredito que hoje os órgãos federais, estaduais e locais estejam mais preparados para um ataque terrorista do que há dez anos", disse Enrique Arias, investigador para o Consórcio Nacional do Estudo do Terrorismo e Reposta ao Terrorismo (Start, na sigla em inglês). Contudo, ele diz que não há como "prevenir 100% um novo atentado".
"Não há como um governo assegurar que não ocorrerá um novo ataque terrorista. É muito difícil defender-se, porque o terrorismo depende de muito poucas pessoas", disse Arias.
Além da segurança nas fronteiras e nos aeroportos, outra que área que sofreu uma mudança drástica foi a de imigração, pois foi apontada como uma das causas que tornaram possível o 11/9 e que permitiu aos terroristas viver nos EUA como estudantes comuns em escolas de aviação.
"Depois da criação do USCIS (Serviço de Cidadânia e Imigração dos EUA), o processo de solicitação de visto para os EUA mudou por completo", disse Randall Sidlosca, advogado de imigração com mais de 25 anos de experiência.
"Devido aos ataques de 11/9, os agentes de imigração tiveram uma transformação em seu trabalho, agora são mais cautelosos ao revelar cada caso", relembra o advogado.
Além da segurança nacional e dos trâmites migratórios, os atentados terroristas também provocaram uma a mudança na perspectiva de segurança que os americanos tinham do país, porque os levou a enfrentar a realidade de que vivem em um país vulnerável.
"Pessoalmente eu sinto que há uma certa preocupação, as pessoas talvez se sintam um pouco mais expostas, e isso não sentiam antes dos ataques de 10 anos atrás", disse Arias, que também é professor de ciências políticas na Faculdade de Justiça Criminal John Jay, em Nova York.
A perspectiva do investigador coincide com a de Gustavo Rojas, que estava trabalhando em Manhattan durante os ataques. Ele pode ver de seu atelier o impacto dos aviões e o colapso das torres do World Trade Center. Seu sentimento? "Vulnerabilidade total.
"Minha vida pessoa mudou no momento em que vi a crueldade do mundo e de que seguimos atacando, de que estamos submetidos a um país e a política. Não importa onde estivermos, Colômbia, Argentina ou Chile, tudo se converte em algo político e não temos controle sobre isso", disse Rojas, pintor colombiano que vive atualmente em Nova Jérsei.
Dez anos depois do ataque, ele já não vive com o mesmo temor da época da tragédia, mas segue vigilante; vivendo sua vida normal, mas sempre alerta.
"Sinto que esta cidade é uma das mais importantes do mundo e que, se alguém atacar alguma outra vez, será aqui e estarei presente, vou ser parte disso. Não é algo que eu pense todos os dias, nem que eu tenha um medo constante, mas sei que seria a melhor opção do inimigo", concluiu Rojas.