O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, declarou neste domingo, 22, que o país está preparado em caso de uma possível invasão ou tentativa de golpe. “Creio que estamos mais preparados do que jamais estivemos”, disse no Estado de Vargas, no último dos dois dias de exercícios militares. Maduro ainda declarou que o governo está preparado contra “processos internos de comoção e desestabilização”.
O presidente venezuelano também pediu ao ministro da Defesa, Vladimir Padrino, a adoção de uma estratégia de combate à “guerra não convencional” da qual diz que tem sido vítima. Ele destacou que a “guerra econômica” promovida pela oposição é uma tentativa de criar uma “confrontação interna”, mas não tem sido bem sucedida porque o governo “protege o povo”. Maduro disse que os EUA sonham em dividir as Forças Armadas “chavistas” da Venezuela, mas afirmou que seu governo conta com o apoio dos militares. As declarações foram feitas dias após Maduro decretar estado de exceção e emergência econômica que daria ao governo poder suficiente para fazer frente a um suposto golpe.
Em entrevista publicada no sábado pelo jornal espanhol El País, o líder opositor Henrique Capriles disse que solução para a crise da Venezuela é uma eleição, mas Maduro “prefere um golpe de Estado à realização de um referendo revogatório”. Ele acrescentou que a oposição não quer um golpe, mas advertiu que as medidas inconstitucionais adotadas por Maduro podem levar a um levante militar. Capriles declarou que caso a situação saia do controle, as Forças Armadas vão preferir dizer a Maduro que saia do caminho em vez de matar o povo.
Maduro e a oposição estão em rota de colisão em razão da proposta de referendo para pôr fim a seu mandato. As autoridades dizem que a votação não ocorrerá este ano, mas a oposição defende que o presidente impopular deve sair para evitar que a recessão econômica se agrave ainda mais.
Alguns opositores acreditam que certos setores militares poderiam pressionar o ex-motorista de ônibus e ex-sindicalista a permitir a votação. A cúpula das Forças Armadas, no entanto, elogia o líder morto Hugo Chávez, assim como Maduro, que não possui formação militar.
Segundo levantamento recente, quase 70% dos venezuelanos querem que Maduro deixe a presidência neste ano, desejo intensificado pela deterioração das condições de vida, que atingiu níveis assustadores. A economia venezuelana vive a pior recessão em todo o mundo. Em toda a Venezuela, pequenas manifestações vêm ocorrendo diariamente. Nas redes sociais, proliferam vídeos que mostram pessoas saqueando supermercados e brigando entre si. Com a criminalidade fora de controle, o linchamento de pequenos infratores está se tornando mais comum.