Preparo teórico, consulta de manuais de desempenho e estudo de técnicas de combate. Essa é a rotina que a Tenente A. G. (a militar não foi identificada por questões de segurança) desenvolve antes de decolar nas missões reais e de treinamento com o A-29 Super Tucano do Esquadrão Escorpião (1º/3º GAV), sediado em Boa Vista (RR). Ela é a única aviadora da unidade que é uma das responsáveis por defender as fronteiras da região amazônica do País.
Para a tenente, ser militar era um sonho de criança e após descobrir a carreira na aviação, seu objetivo também passou a ser atuar como piloto de combate da Força Aérea Brasileira (FAB), profissão que ainda é predominantemente masculina. “O 1º/3º GAV me recebeu da melhor maneira possível. Os desafios enfrentados pelos pilotos de caça são os mesmos, independentemente do sexo. Como próximo degrau a ser alcançado, pretendo ir para a primeira linha da aviação de caça. Desejo pilotar o Grippen NG”, conta.
Mas a Tenente A. G. não é a única figura feminina no esquadrão. A unidade tem mais cinco mulheres no efetivo. Uma delas é a Sargento Ana Carolina Celeste Monteiro, uma das responsáveis pela manutenção elétrica e de instrumentos do A-29.
“A estrutura ainda está se adaptando, mas não há diferenciação. Faço o mesmo trabalho que os homens, inclusive o manuseio de equipamentos pesados, como baterias”, destaca Celeste.
Em Porto Velho (RO) está o Esquadrão Grifo (2°/3° GAV), também responsável por operar o A-29. Na unidade, a sargento especialista em suprimento Lariane Cristina Gomes recebe e inspeciona material, além de fazer controle de estoque.
Ela acreditava que seria um desafio integrar o esquadrão. “Somos seis mulheres no total, mas não tem nada que nós não podemos fazer. Eu carrego e descarrego caixas, por exemplo”, diz.
A Tenente Médica Roberta Neiva trabalha há cinco anos no Esquadrão Flecha (3º/3º GAV) – unidade de A-29 sediada em Campo Grande (MS). Ela realiza acompanhamento médico dos pilotos, além de alertar os aeronavegantes sobre o risco da atividade aérea.
“Com o passar dos anos, a aviação de caça mudou muito; as missões estão mais complexas e as aeronaves mais sofisticadas. Com isso, a medicina aeroespacial também precisou evoluir”, explica a Tenente Roberta.
De acordo com a médica, não há diferenciação de gênero. “O grupo sempre me respeitou e fizeram com que eu me integrasse”, destaca.
Prontos para as Olimpíadas – Já utilizados na Copa do Mundo e com experiência em missões reais, como a Operação Ágata, os três esquadrões de A-29 agora encaram um novo desafio. Eles ficarão de alerta durante os Jogos Olímpicos Rio 2016.
O comandante do Esquadrão Escorpião, Tenente-Coronel Leonardo Venâncio Mangrich, explica como será essa participação. “O 1°/3° GAV trabalhara juntamente com outras Unidades Aéreas, sob a subordinação direta do Comando de Defesa Aeroespacial Brasileiro (COMDABRA), a fim de garantir a segurança nos locais em que ocorrerão os jogos”, antecipa.
Os três esquadrões contam com 346 militares. Desse total, 5,2% são mulheres. Para o Tenente-Coronel, a participação delas apenas acrescenta no bom desempenho da missão. “Para uma sociedade que antes acreditava em alguma limitação do sexo feminino na adaptação ao militarismo, têm-se hoje mulheres que mostram seu valor, garra e vibração independentemente do gênero”, finaliza.