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EUA divulgam suposto testamento de Bin Laden

O ex-líder da Al Qaeda Osama bin Laden escreveu em cartas e outros documentos que em torno de 29 milhões de dólares de seus fundos e posses deveriam ser divididos depois de sua morte, solicitando que a maior parte fosse usada para dar continuidade à jihad global.

Uma das cartas foi descrita por agentes de inteligência americanos como o que acreditam ser o testamento final dele. O escrito faz parte de um lote de 113 documentos apreendidos pelas forças especiais dos Estados Unidos que mataram Bin Laden em 2011, no Paquistão.

A agência de notícias Reuters e a rede de televisão americana ABC tiveram acesso aos documentos, que foram traduzidos do árabe e liberados para divulgação por agências de inteligência dos EUA. Os documentos fazem parte de um segundo lote de papéis obtidos durante a operação que levou à morte de Bin Laden. Uma grande parte deles ainda não foi divulgada.

Um manuscrito que agentes de inteligência americanos acreditam ter sido escrito pelo ex-líder da Al Qaeda no final dos anos 1990, determina como ele queria distribuir os cerca de 29 milhões de dólares que possuía no Sudão.

Desse montante, 1% deveria ir para Mahfouz Ould al-Walid, militante veterano da Al Qaeda que usava o pseudônimo Abu Hafs al-Mauritani. "Por sinal, ele [Walid] já recebeu 20 mil, 30 mil dólares disso", continuou Bin Laden. "Prometi a ele que iria recompensá-lo se ele tirasse o dinheiro do governo sudanês."

Bin Laden viveu no Sudão durante cinco anos, como convidado oficial, até o então governo fundamentalista islâmico lhe pedir que deixasse o país em maio de 1996, por pressão dos EUA.

Além disso, 1% da soma deveria ser dado a um segundo aliado, o engenheiro Abu Ibrahim al-Iraqi Sa'ad, por ter ajudado a criar a primeira empresa de Bin Laden no Sudão, a Wadi al-Aqiq, informa o documento.

Bin Laden também exortou seus parentes mais próximos a usar o restante dos fundos para apoiarem a guerra santa. "Espero que meus irmãos, minhas irmãs e minhas tias maternas atendam meu desejo e gastem todo o dinheiro que me sobrou no Sudão na jihad, em nome de Alá", escreveu. Em um último parágrafo, com tom melancólico, ele pede ao pai que o perdoe "se fiz algo que você não gostou".

Em outra carta, aparentemente escrita em 2010, Bin Laden se dirige à "comunidade islâmica em geral". "Aqui estamos, no décimo ano da guerra, e os EUA e seus aliados ainda estão indo atrás de uma miragem […] Eles pensaram que a guerra seria fácil", escreveu. O líder da Al Qaeda tentou retratar os EUA como atolados numa guerra invencível contra o Afeganistão.

Desde meados do ano passado, a CIA liderou sete agências na análise dos documentos de Bin Laden, sob os auspícios do Conselho de Segurança da Casa Branca. A análise ainda está em curso, e uma nova leva de informações deve ser divulgada ainda neste ano.

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