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País lidera expansão global do setor aéreo

Jamil Chade

O Brasil registra a maior expansão do setor aéreo no mundo, superando China, Índia, Estados Unidos e Europa. Mas, segundo a Associação Internacional de Transporte Aéreo (Iata), se quiser evitar uma paralisia completa do transporte aéreo e continuar crescendo, terá de se organizar e investir de forma pesada nessa expansão.

Hoje, de acordo com a Iata, 13 aeroportos no País já estão com sua capacidade totalmente esgotada e as promessas do governo para lidar com a crise não saíram do papel. Os dados da associação mostram que, em apenas três anos, o setor cresceu 37%. Dois aeroportos nacionais estão entre os 20 que mais crescem no mundo e as empresas aéreas, entre as que mais lucram.

Mas aviões ainda voam com muitos lugares vagos, a infraestrutura chega a seu limite e o setor demonstra que ainda não é eficiente. Entre janeiro e junho, o número de passageiros no mercado doméstico brasileiro aumentou 19%. Entre junho de 2010 e junho deste ano, a expansão foi de 15,1%, também a maior do mundo.

Para a entidade, que representa as 200 maiores empresas aéreas do mundo, a explicação para o boom aéreo no Brasil é mesmo a renda da população. Com um poder de compra maior, parte da população passou a optar pelo transporte aéreo para viajar. Houve ainda uma migração importante dos passageiros de ônibus para os aviões.

"Essa expansão é um reflexo do crescimento econômico no Brasil. Houve um forte incremento da renda familiar", apontou ao Estado o economista-chefe da Iata, Brian Pierce. O resultado é uma expansão da demanda que tem sérios problemas para ser acompanhada pelo setor privado, por aeroportos e ainda pelo poder público. Em 2010, a Iata já havia declarado que o Brasil vivia um "caos".

Segundo a entidade, a expansão brasileira tem sido cinco vezes superior à média mundial em 2011. No primeiro semestre, a expansão do mercado doméstico no mundo foi de apenas 4%. Viagens internacionais aumentaram 8%. No total, o setor aéreo cresceu 6,5%.

A expansão brasileira é ainda três vezes superior à da China, considerada como a grande promessa para as empresas. Em junho, a expansão em Pequim foi de apenas 5%. A China é o segundo maior mercado doméstico do mundo. Mas registrou uma queda nas viagens internacionais. No ano, a expansão chinesa é apenas metade da brasileira – as políticas para segurar o consumo na China e a elevação de taxas de juros seriam os principais responsáveis por isso.

No caso da Índia, a expansão chegou perto da brasileira, com 14%. Para a Iata, é a força da nova classe média que explica esse crescimento.

Investimentos. Para a Iata, a indústria aérea brasileira continuará crescendo e, até 2014, o país terá 90 milhões de passageiros por ano, 32% acima dos níveis atuais. Pelas previsões, o Brasil deverá ter o quarto maior mercado de passageiros domésticos até 2014, atrás de Estados Unidos, China e Japão.

Para a Iata, os números mostram que o Brasil não tem outra alternativa senão a de incrementar o número de aeroportos, pistas de pouso e modernizar seu setor aéreo. "Os investimentos terão de aumentar", disse Pierce. Hoje, dos 20 aeroportos que mais crescem no mundo, dois são brasileiros: Santos Dumont e Congonhas.

Outra constatação é de que o setor terá de ser mais eficiente. Hoje, aviões voam em média com apenas 66% de seus lugares ocupados. Na China, a taxa é de 81%, enquanto a média mundial chega a 75%.

O desempenho do Brasil ajudou a elevar a média latino-americana e a região terminou o primeiro semestre como o continente onde o setor aéreo mais cresce. A taxa de expansão em junho foi de 14%. As cinzas do vulcão chileno fizeram a taxa cair, do recorde de expansão de 21% em maio. Mesmo assim, a taxa foi acima de todas as demais regiões. Nos mercados ricos, o setor aéreo está praticamente estagnado.

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