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Embraer amplia compras de fabricante brasileiro

Virgínia Silveira

A Embraer está aumentando o volume de compras de peças e componentes da cadeia aeronáutica brasileira. Segundo diretor de fornecedores da Embraer, Celso de Souza Siqueira Jr., a empresa compra hoje da cadeia aeronáutica local 64 mil "part numbers" (itens do avião) ou 5 milhões de peças por ano.

Esse número é três vezes maior do que o volume fornecido pela cadeia há três anos. "Isso foi possível porque os fornecedores melhoraram seus processos e se tornaram mais competitivos, além do fato de a Embraer estar mais compradora por conta de projetos como o KC-390 e os jatos E2", disse. Até os jatos comerciais E1 (da geração anterior), a cadeia aeronáutica brasileira fornecia de seis a sete mil itens.

O diretor da Embraer explica que um dos fatores que mais contribuíram para o aperfeiçoamento dos fornecedores foi o Programa de Desenvolvimento da Cadeia Aeronáutica (PDCA), apoiado pela Embraer, ABDI (Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial) e coordenado pelo Cecompi (que gerencia o cluster aeroespacial e de defesa em São José dos Campos).

Iniciado em 2011 na Embraer, como Programa de Desenvolvimento de Fornecedores (PDF), o PDCA já capacitou 90 executivos da cadeia, além de 1034 técnicos e 42 instrutores. O programa envolveu todos os 70 fornecedores da Embraer, que hoje estão distribuídos nas regiões de São José dos Campos, Campinas, São Paulo, Botucatu, Joinville e Porto Alegre.

Siqueira Jr explica que com os jatos da nova família E2, o volume de compras da cadeia subiu para 11 mil itens. "A tendência é que esse número cresça substancialmente, tendo em vista que as empresas ainda estão fornecendo para o primeiro protótipo", ressaltou. No KC-390 a cadeia nacional é responsável pelo fornecimento de 14 mil itens.

O programa de desenvolvimento da cadeia também permitiu que as empresas se capacitassem para fornecer peças de maior complexidade e valor agregado não só para a Embraer, mas também para as empresas internacionais. Siqueira Jr cita como exemplo o piso metálico do E2 e o parabrisa do KC-390. Antes, ambas as peças eram compradas de fornecedores externos.

A parceria mais estreita com a Embraer, por conta do PDCA, segundo o gerente industrial da Planifer, Dirço Soares da Costa Júnior, alavancou os negócios da empresa nos últimos três anos. "O mercado aeronáutico não foi afetado pela crise. A Embraer responde por 40% da nossa receita, que só não cresceu mais por conta da paralisação dos contratos no setor de óleo e gás", disse. Este ano a Planifer prevê uma receita de R$ 17 milhões, ante os R$ 16,7 milhões de 2014.

A Usimaza, fornecedora de peças usinadas de alta precisão, saiu de uma situação pré-falimentar para se tornar uma das principais parceiras da Embraer. "Com o programa de capacitação aumentamos em mais de 26% a nossa produtividade este ano. Estamos preparados para atender o mercado internacional com qualidade e custos competitivos", afirmou o diretor financeiro e um dos sócios da empresa, Carlos Henrique Zamae.

O empresário estima crescimento entre 25% e 30% nos próximos anos motivado pela produção em série dos novos jatos da Embraer. Com 90 funcionários, a Usimaza tem fábricas em São José dos Campos e Botucatu. O faturamento anual da empresa gira em torno de R$ 8 milhões a R$ 9 milhões.

A cadeia aeroespacial brasileira começou a despertar o interesse de grandes players internacionais. "Em 2011 tínhamos apenas três empresas que exportavam US$ 3 milhões por ano. Hoje esse número subiu para 33 e o volume de negócios no mercado externo é de aproximadamente US$ 60 milhões", diz o diretor executivo do Cecompi, Marcelo Sáfadi.

A cadeia aeroespacial brasileira atraiu o Aerospace Meetings Brazil 2015, organizado pela BCI Aerospace e voltado para a promoção de negócios entre empresas da cadeia aeroespacial. O evento acontece até amanhã, em São José dos Campos.

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