Mark Magnier
de Pequim
O Partido Comunista da China aprovou um plano de cinco anos para elaborar a visão estratégica do país, prometendo acelerar a urbanização, incentivar o consumo e buscar um “crescimento moderadamente elevado”.
Detalhes do plano de 2016-20 — o primeiro elaborado na gestão do presidente Xi Jinping — não serão divulgados até março, quando ele será enviado para aprovação do legislativo.
Economistas estão acompanhando de perto para ver se ele irá fixar metas de crescimento ambiciosas ou mais moderadas e se ele ajudará a transformar as tão discutidas reformas em ações decisivas.
A mídia oficial informou ontem que o plano foi aprovado no fim da Quinta Sessão Plenária, uma de uma série de reuniões quase anuais dos principais líderes do Partido Comunista. O plano quinquenal — o 13º da China desde 1953 — representa um amplo mapa econômico, político e social para a política governamental durante aquele período.
Muitos economistas esperam que a meta de crescimento nesses cinco anos fique entre 6,5% — o mínimo necessário para atingir a meta do Partido Comunista de dobrar o tamanho da economia e a renda per capita entre 2010 e 2020 — e os 7% do atual plano. O limite inferior sinalizaria uma tolerância para um crescimento menor e a realização de reformas, dizem economistas, enquanto o limite superior indicaria a preferência por estímulos que poderiam aumentar a alavancagem e incentivar as fábricas a continuar produzindo além da demanda.
“Considerando o nível de dívida do sistema e o volume de investimentos ineficientes, é de se esperar que eles escolheriam a meta de crescimento baixo”, diz o professor Victor Shih, da Universidade da Califórnia de San Diego. “Entretanto, por causa da obsessão em ultrapassar o Ocidente em algum momento do futuro próximo, a liderança quase certamente irá definir uma meta que exigirá mais investimentos ineficientes.”
Guiados pelo atual plano quinquenal, cuja meta de crescimento anual é de 7%, o objetivo deste ano é de cerca de 7%, menor que os 7,5% de 2014.
Em meados deste ano, os mercados globais caíram diante das perspectivas de um crescimento menor da China e de um colapso nas bolsas. No terceiro trimestre, a economia cresceu 6,9%, em uma indicação de que a meta de cerca de 7% para 2015 não seria atingida — o seu menor ritmo de expansão em 25 anos. O próximo plano quinquenal, analisado em uma plenária secreta em um hotel altamente vigiado em Pequim onde estavam cerca de 300 dos principais líderes do partido, foi elaborado em uma conjuntura essencial para a segunda maior economia do mundo à medida que os motores de crescimento tradicionais estão falhando e Pequim tenta migrar da produção industrial para o consumo.
Em um comunicado vago emitido na conclusão da plenária, o partido informou que iria afrouxar as restrições para que os residentes da zona rural mudem para as cidades, estimularia o crescimento guiado pelo consumo e tornaria a inovação parte central do planejamento econômico, segundo a Agência de Notícias Xinhua, sem fornecer detalhes.
Isso ocorre em um momento em que a China tenta se tornar mais competitiva tecnologicamente, crescer em setores de maior valor agregado e identificar novos motores de crescimento.
Espera-se que o plano quinquenal da China se concentre em questões de meio ambiente como parte de uma aposta para melhorar a qualidade de vida das pessoas e construir uma “sociedade moderadamente próspera”, com implicações para muitos setores, incluindo o de energia. Na quarta-feira, o vice-diretor de carvão da Agência Nacional de Energia, Li Haofeng, disse que o governo irá limitar o consumo de carvão nos próximos anos e levar adiante cortes de produção, mas não forneceu detalhes, segundo a Xinhua.
Os especialistas dizem que o plano também pode incluir metas rígidas de limites para o consumo de carvão — um passo que os acadêmicos dizem ser necessário se a China quiser cumprir sua promessa de limitar as emissões de carbono até 2030 —, sinalizando mais problemas para a indústria global. “O carvão não vai voltar”, disse Lin Boqiang, especialista em política energética chinesa da Universidade Xiamen.
O maior país industrial do mundo está lutando contra o excesso de capacidade nos setores de vidro, cimento, automobilístico e siderúrgico, entre outros.
Um plano inicial divulgado no site do Ministério da Indústria e Tecnologia da Informação parece sinalizar uma consolidação. Dentro de dez anos, a China deve ter entre três a cinco siderúrgicas gigantes, informou o ministério. Atualmente, o país possui cerca de 20 grandes siderúrgicas.
A China recentemente delineou um plano para criar poucas, mas grandes estatais e implementar a participação de mais acionistas externos. Alguns críticos, porém, disseram que ele não foi adiante.