Virgínia Silveira
O novo biocombustível que será testado em voo, pela primeira vez, pelos aviões da Embraer, no início de 2012, já entrou em fase de certificação. Segundo o diretor de Estratégias e Tecnologias para o Meio-Ambiente da Embraer, Guilherme de Almeida Freire, a americana Amyris, que desenvolveu o bioquerosene, obtido da cana-de-açúcar, submeteu o produto à avaliação da ASTM International, organismo americano de normatização técnica para materiais, produtos e sistemas.
O desenvolvimento do combustível renovável para jatos da Amyris é um projeto feito em parceria com a Embraer, General Electric (fabricante dos motores) e a Azul Linhas Aéreas, que fará o primeiro teste em voo do novo motor no Brasil. O bioquerosene de cana-de-açúcar da Amyris também já foi testado pelo Laboratório de Pesquisas da Força Aérea dos Estados Unidos, o Instituto de Pesquisas Southwest, a GE Aviation e outras indústrias.
O estágio atual do projeto da Amyris é um dos temas que serão apresentados pela Embraer no workshop sobre aviação sustentável, que reunirá, hoje, no Rio de Janeiro, as principais empresas e entidades do setor de aviação mundial. Um dos objetivos do encontro, de acordo com o diretor da Embraer, é discutir o futuro do transporte aéreo mundial e as medidas que a indústria tem tomado para reduzir o impacto da atividade no ambiente.
Promovido pelo Air Transport Action Group (ATAG), grupo que reúne organizações e empresas da indústria do transporte aéreo, o evento também pretende mostrar como a indústria está trabalhando para tratar os seus impactos ambientais, além de explorar oportunidades para o desenvolvimento sustentável da aviação na América Latina. A importância estratégica da região para a aviação mundial, segundo Freire, trouxe o workshop para o Brasil. Desde 2005 o evento vinha sendo realizado em Genebra, na Suíça.
Segundo a ATAG, o workshop também abre caminho para melhorar a cooperação entre as partes interessadas da região, preparando os diversos setores envolvidos com a aviação para a Cúpula da Terra Rio+20, em junho de 2012. Entre 2010 e 2020 o setor de aviação mundial está comprometido em melhorar a eficiência do combustível utilizado pelos aviões em 1,5% ao ano. Até 2050 os fabricantes de aeronaves e motores pretendem reduzir pela metade a emissão de CO2, com base nos níveis de 2005.