Flash de Geopolítica e Difícil de entender
Flash de Geopolítica
O petróleo tem papel central nas estratégias das potências interessadas em segurança energética e acesso às reservas fora de seus territórios e o objetivo primordial é garantir seu abastecimento, mas também pode ser um fator para projetos de desenvolvimento em países periféricos.
Neste caso as reservas descobertas representam vantagens econômicas, mas também trazem novos desafios no grande jogo mundial. Hoje, o petróleo é decisivo na manutenção do dólar como moeda de referência para trocas internacionais, com as consequências na política externa que inclui a inserção de suas petroleiras neste jogo, tanto pela diplomacia quanto pelo caminho da guerra. Como estamos submetidos a um sistema competitivo, a expansão de uns pode significar o estrangulamento de outros. Todos precisam garantir abastecimento.
Os ingleses e americanos se uniram para conseguir que a Arábia Saudita permanecesse comercializando seu petróleo somente em dólares e assim garantiram que o grosso dos recursos financeiros continuassem sendo feitos em sistemas que operassem nessa moeda, pois quem precisasse de petróleo precisaria de dólares para o adquirir.
Com o fim da Guerra Fria, os EUA deixaram de ter um anteparo para a estratégia de derrubar todos os governos que signifiquem ameaça ao seu controle do petróleo. Na lista Iraque, Afeganistão, Líbia, Síria e Irã..
Saddam Hussein , Muamar Kadafi juntamente com Assad na Síria preconizavam um movimento laico de nacionalismo árabe, um ensaio de independência. Os dois primeiros tentavam romper com o monopólio do dólar na venda de petróleo, como o faz agora o Irã,certo, eram até regimes violentos e com esse pretexto a OTAN liderada pelos Estados Unidos varreu do mapa esses governantes.
O Iraque virou um protetorado sem margem para se organizar de forma independente. A Líbia foi retalhada, já não existe. A Síria ainda resiste, em Damasco, mas além do ISIS é atacada pelos “rebeldes” armados pelos EUA/Europa.
Os três líderes mais Mubarak no Egito conduziam estados com um discurso pautado mais pelo “orgulho nacional” do que pela religião, com projetos de nações independentes. Entre os motivos alegados para justificar as agressões estaria talvez a defesa da democracia, mas na verdadeo projeto dos EUA era outro. Na ânsia de colocar governos que lhe fossem favoráveis criou o caos na grande franja que vai do norte da África ao Tigre e Eufrates, passando pelo Afeganistão, adubando as sementes de uma guerra religiosa que não vai parar e que já sacrificou mais de cem mil cristãos no Oriente Médio, vítimas inocentes do novo radicalismo do Islã.
Evidentemente, a derrubada dos governos em cada um desses países (do norte da África ao Eufrates) não era para levar a democracia, mas parte de um mesmo movimento de manutenção da hegemonia. Para isto era preciso destroçar o nacionalismo árabe, que oferecia alguma resistência ao avanço dos EUA e seus parceiros da OTAN.
Nós estávamos próximos de sermos grandes produtores de petróleo antes do débâcle da Petrobras e ainda continuamos os donos das imensas reservas do pré-sal. O que nos espera? Depois do nacionalismo árabe, chegou a hora de destruir o nacionalismo latino-americano, – numa ofensiva mais política, econômica e midiática do que militar. Melhor botarmos as barbas de molho, mas lembremo-nos que o domínio se impõe não só pelas armas.
Estas são a "ultima ratio". Usa-se de preferência as “operações especiais”, as guerras não-declaradas, das rebeliões movidas a whatsap e vendidas como “gritos pela democracia” e essa política já foi bem-sucedidas em Honduras e no Paraguai. A Venezuela e a Argentina estão na linha de mira. Claro, que os problemas desses País não são, na maioria, culpa dos EUA,mas este soube aproveitar as contradições e fraquezas internas, para obter seus objetivos.
A próxima campanha – parece – será contra a Venezuela, para defender a República de Guiana. Apesar da incompetência do Governo venezoelano, a ameaça de intervenção externa pode resultar lá num governo mais forte, onde o poder não estaria com Maduro, mas com os militares nacionalistas. A oposição talvez vai unir-se ou não aos militares contra o estrangeiro, mas em qualquer caso haveria guerra civil, e como todas as guerras, de resultado e duração incertos, embora em termos de combate convencional tenda a terminar como nas Malvinas. Já no nosso Brasil, em estado de pré-convulsão política, dificilmente haveria uma intervenção estrangeira diretamente militar.
O descontentamento aqui já é grande suficiente para que assuma um governo mais dócil ou então que o governo atual ceda tudo para não cair e com um governo a deriva que já não defendia o interesse nacional quando ainda tinha força, agora está disposto a ceder tudo desde que o ajudem a permanecer no poder. Uma intervenção militar estrangeira além de perigosa é desnecessária.
O “petismo” já se desmanchou e não deixa saudade. Não podemos deixar desmanchar é as empresas que causam autonomia e desenvolvimento como a Petrobras e principalmente a própria a integridade territorial. É isto o que está em cheque.
Na crise político-econômica em que o País se debate, o governo faz enorme esforço para conter a alta do dólar. Finge que não sabe que isto é o que pode salvar a indústria, o agronegócio, a mineração, o turismo interno, enfim toda a economia. A China mantém deliberadamente baixo o valor do Yuan. O principal problema da Grécia é não poder desvalorizar a moeda, talvez o governo nem deseje realmente a salvação da economia. Impossível? –Lembram do segundo período do FHC?
– Entretanto, a desvalorização do Real em relação ao Dólar, além de inflacionar todos os materiais importados tem outros efeitos colaterais muito maiores – propicia a compra de empresas nacionais por firmas estrangeiras e pior: pode inviabilizar a Petrobrás, que está endividada em dólar. Esta, pela má administração, pelos roubos e por ter dado passo maior do que a perna se endividou de tal modo que, não sendo socorrida, em breve não mais será brasileira. Em qualquer caso não será tão cedo a tábua de salvação para a nossa economia, o uso deste recurso natural permanecerá importante por bastante tempo e influenciará na hierarquia monetária internacional e será instrumento de política externa.
Por algum período conseguimos enfrentar o problema da dependência de dólares com as exportações de soja e minérios e nos saímos bem, mas a grande esperança econômica era o petróleo. Agora a nossa maior empresa está se desmanchando em dívidas e talvez seja vendida em pedaços .
Contudo os recursos naturais, como os minérios e o petróleo um dia acabam ou tormam-se dispensáveis ou se aproveita o período de bonança que proporcionam para desenvolver a ciência, a tecnologia e a pesquisa ou se retorna ao subdesenvolvimento de antes.
Difícil de entender
– Como preâmbulo para reflexão, faz-se a seguinte indagação: Como o dólar, sendo uma moeda simplesmente digital e sem lastro qualquer está sendo valorizado – em sua cotação?,
– Há décadas que quase a metade do orçamento é destinada para juros e amortizações da divida e mesmo com a tal "amortização" e com a venda de estatais a dívida só tem aumentado.” Como é possível explicar o contínuo crescimento da dívida?
– Por que, com a taxa selic a 14,75% ao ano, continuamos pagando juros de mais de 40% dos contratos antigos. Por que não pagar essas dívidas logo, seja com as reservas que não rendem nada, seja imprimindo dinheiro?
– Sabendo que o dinheiro recebido de empréstimo cria a mesma inflação que a impressão de dinheiro criaria, por que pedir emprestado em vez de imprimir? Será para o recebimento de "comissões" por parte dos negociadores? Então, por que não fazer logo uma auditoria ou um novo Lava-jato?
Como o Pais interrompe o programa nuclear em função de uma denuncia sem base feita por indivíduo reconhecidamente corrupto. Que outro país faria semelhante idiotice?
O que levou a polícia do Rio de Janeiro a perseguir aos justiceiros para proteger aos bandidos?
Mais do que lutarmos por qualquer ideal político, devemos lutar pela unidade nacional. Em segundo lugar para conservar a propriedade dos nossos recursos naturais e em terceiro para evitar a desnacionalização das nossas empresas.
Que Deus nos ajude!
Gelio Fregapani