Os serviços de inteligência alemães (BND) destruíram os registros sobre o criminoso de guerra nazista Alois Brunner, suspeito de ter trabalhado para eles na Síria, afirmou nesta quinta-feira o semanário alemão Der Spiegel em seu site.
O BND confirmou à AFP que documentos relativos a Alois Brunner foram destruídos nos anos 1990, mas sem informar se foram todos os registros, como afirma o Der Spiegel.
Um grupo de trabalho interno, composto por historiadores e pequisadores e criado para esclarecer as relações entre o BND e criminosos de guerra nazistas foragidos, foi o responsável pela descoberta.
O BND assegurou que nos próximos meses serão dadas mais informações sobre este assunto em um relatório.
Segundo o semanário, 581 páginas sobre o ex-oficial SS foram destruídas entre 1994 e 1997, mas sem dar datas mais precisas.
Responsável pela deportação de 128.500 judeus originários de diferentes países ocupados pelas tropas de Hitler, Alois Brunner residia desde os anos 1950 na Síria, onde se encontrava esporadicamente com jornalistas, lembrou o Der Spiegel.
O governo sírio sempre desmentiu a presença em seu território de Alois Brunner, cuja morte não foi provada, embora seja considerada certa pelo Centro Simon Wiesenthal, que busca os ex-nazistas.
Alguns dos documentos restantes onde o criminoso é mencionado são contraditórios, em especial sobre a questão de saber se trabalhou ou não para o BND.
No início do ano, o Der Spiegel havia revelado que os serviços secretos alemães recorreram aos serviços do ex-chefe da Gestapo de Lyon (França) Klaus Barbie.
"O carniceiro de Lyon", condenado à prisão perpétua na França em 1987 por ter organizado a deportação de centenas de judeus, foi recrutado pelo BND no início de 1966, quando vivia sob o pseudônimo de Klaus Altmann na Bolívia.