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EUA dão primeiros passos no cultivo de membros em laboratório para transplante

Texto do Centro de Análise de Informação do Departamento de Segurança Nacional dos Estados Unidos

Tradução, adaptação e edição – Nicholle Murmel


Entre 2001 e 2014, quase 1.600 militares americanos perderam partes do corpo devido a ferimentos sofridos em combate. Esses homens e mulheres passam por um processo de recuperação complexo e árduo, que evolui ao longo de semanas, meses e anos. Apesar de a tecnologia de próteses ter melhorado muito de lá para cá, esses pacientes ainda passam por complicações como dificuldade de cicatrização, perda de vários membros, dor na extremidade da amputação, perda da capacidade funcional, demora na adaptação psicológica à perda e o receio de retomar atividades do cotidiano.

Pesquisadores da area médica e bioengenheiros estão trabalhando no desenvolvimento de membros bioartificiais para transplante. O estágio inicial desse projeto de começou com com regeneração celular – processo menos complicado – e passou a englobar a criação de órgãos em laboratório. Pesquisadores do Stem Cell Institute da universidade de Harvard, especializado em células-tronco, desenvolveram a parte anterior da pata de um rato com tecido vascular e muscular capazes de funcionar, e acreditam que o mesmo método possa ser usado em primatas. A pata foi criada a partir de material biológico do rato que receberia o transplante.

 “Braços e pernas contém músculos, ossos, cartilagem, vasos sanguíneos, ligamentos e nervos – cada uma dessas estruturas precisa ser reconstruída e requer um sistema de suporte chamado de matriz. Demonstramos que conseguimos manter a matriz de todos esses tecidos em sua relação natural uns com os outros, e que podemos repopular os sistemas vascular e muscular”, explicou o Dr. Harald Ott, do Departamento de Cirurgia e do Centro de Medicina Regenerativa do Hospital Geral de Massachusetts (MGH na sigla em inglês).

Testes de funcionalidade dos membros gerados em laboratório mostraram que estímulos elétricos nos músculos causaram contrações “com 80% da força que se costuma ver em animais recém nascidos. O sistema vascular desses membros biofabricados transplantados em ratos foram rapidamente preenchidos com sangue, que continuou a circular, e estímulos elétricos do cérebro dos animais fizeram a musculatura das articulações do pulso e dedos da pata transplantada se moverem”, descreve Ott.

O uso de material genético do próprio paciente para cultivar órgãos ou membros diminui significativamente o risco de rejeição e elimina a necessidade de tomar imunossupressores por toda a vida. A equipe de pesquisa do MGH também teve sucesso em separar em nível celular os componentes do antebraço de babuínos, a fim de provar a possibilidade de usar o mesmo método na escala necessária para pacientes humanos.

Tanto o Centro de Informações quanto o MGH concordam que o próximo passo no transplante de membros biofabricados é decifrar o código bioelétrico que permitira a criação da matriz de nervos. O Dr. Ott aponta que regenerar nervos em um membro e reintegrá-los à malha nervosa do paciente é um dos grandes desafios a serem enfrentados, mas a experiência com os ratos que receberam transplantes mostram resultados promissores. “No transplante de mebros, os nervos se regeneram sim, permitindo tanto mobilidade quanto sensibilidade ao tato, e aprendemos que esse processo é, em grande parte, pautado pela matriz nervosa no membro transplantado. Esperamos mostrar em trabalhos futuros que a mesma lógica pode se aplicar a enxertos bioartificiais. Outras etapas incluem repetir o sucesso da experiência de regeneração muscular com células humanas, e expandir esse processo para outros tipos de tecido, como ossos, cartilagem e tecido conjuntivo”, explica o pesquisador. 

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