Júlio Ottoboni
Exclusivo DefesaNet
O polo aeroespacial de São José dos Campos viu com enorme otimismo as conversações entre o ministro da Defesa, Jaques Wagner, em Washington, quando se reuniu com o secretário de Defesa dos Estados Unidos, Ashton Carter, no Pentágono. A promessa de novos negócios e da intensificação de investimentos norte americanos no maior centro de empresas e institutos de aeronáutica e espaço do hemisfério sul mexeu com o ânimo da cidade.
A principal decisão do encontro foi o desenvolvimento de um projeto de defesa conjunto entre Brasil e Estados Unidos. Ele incluirá tanto parcerias tecnológicas, a associação entre as empresas brasileiras e norte-americanas, como a busca por novos mercados. Os Estados Unidos devem utilizar o Brasil como a porta de entrada para a América Latina, vencendo assim dificuldades com países sem grande enlace diplomático com os norte americanos.
Os integrantes dos dois governos aproveitaram a oportunidade da vigência dos dois acordos bilaterais nas áreas de defesa e de proteção de informações militares sigilosas, promulgados na semana passada pelo Congresso Nacional, para dinamizar essa nova fase de cooperação. Ela deve abranger também segmentos como o de satélites e até mesmo uma colaboração mais intensa no desenvolvimento do VLS, o que estrategicamente afastaria russos e chineses do projeto.
O ministro brasileiro esteve na semana passada visitando empresas e institutos de São José dos Campos para identificar possibilidades e programas de interesse aos Estados Unidos. Entre os visitados estavam a Mectron e a Avibras, ambas empresas com grande potencial de venda para grupos estrangeiros.
O ministro Wagner fez uma apresentação dos projetos brasileiros estratégicos e deixou claro o desejo do governo brasileiro em agilizar os processos bilaterais que estimulem uma maior parceria estratégica. A comitiva de 17 empresários contou com a liderança do presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Materiais de Defesa e Segurança (Abimde), Sami Hassuani, que é presidente da Avibras, de São José dos Campos.
O Brasil encontra diversas dificuldades para adquirir peças e componentes para satélites, foguetes lançadores e até mesmo equipamentos para seus institutos científicos e universidades por restrições norte americanas. Isso deverá ser amenizado com essa reaproximação.
Na última edição da LAAD já se notou uma enorme contingente de produtos e empresas norte americanas no evento. A aproximação do maior mercado exportador dos Estados Unidos é uma realidade e o Brasil terá que limitar a influência do ‘chavismo’ em suas ações e também dos russos e chineses nesta nova fase de cooperação.
Para o ministro, o restabelecimento do diálogo é algo positivo e relevante também para a indústria de defesa. No segmento espacial, os Estados Unidos também analisa a possível volta do Brasil a integrar a Estação Espacial Internacional, da qual o país foi praticamente expulso por não cumprir suas obrigações e repasses de verbas orçadas. No pacote, além de satélite e foguetes lançadores, está a Base de Lançamento de Alcântara e o treinamento e utilização em missão de um novo astronauta brasileiro.
Os Estados Unidos são os principais parceiros comerciais do Brasil e em 2014 exportaram um volume total de US$ 42,4 bilhões para o país. O Brasil, por sua vez, exportou US$ 31,4 bilhões e ficou na 16ª posição da lista de países exportadores para aquele país.