Os balões de ar quente utilizados na Guerra do Paraguai, em 1867, foram substituídos por sensores modernos em aeronaves. É assim que a Aviação de Reconhecimento da Força Aérea Brasileira (FAB) evoluiu em mais um século e meio. O avançar do tempo possibilitou, também, o aprimoramento tecnológico para cumprir sua principal missão: fazer um rastreamento minucioso dos dados de inteligência do inimigo com a utilização de meios aéreos e o monitoramento de áreas de interesse.
Em tempos atuais, a Aviação de Reconhecimento possui modalidades específicas que não se limitam ao reconhecimento de imagens. A captação de sinais do espectro eletromagnético, com o uso de equipamentos de alta tecnologia, possibilita o bom desempenho da função. Todas as plataformas utilizadas possuem sensores digitais (eletroóticos e IR) com capacidade de análise diurna e noturna, além de radares de abertura sintética, que permitem realizar o reconhecimento mesmo através da cobertura de nuvens.
De acordo com o Brigadeiro do Ar Fernando Almeida Riomar, Comandante da Terceira Força Aérea (III FAE), a Aviação de Reconhecimento se adequou a tendência de guerra moderna com o emprego de Aeronaves Remotamente Pilotadas (ARP). “Iniciamos a implantação de vetores não tripulados focados em ações de reconhecimento aéreo. No futuro, queremos acompanhar a tendência de países de primeiro mundo realizando ações com o emprego de armamento”, acrescenta.
Numa colocação popular, pode-se dizer que os quatro esquadrões de reconhecimento aéreo são os olhos da FAB: Poker (1º/10º GAV), Carcará (1º/6º GAV), Guardião (2º/6º GAV) e Hórus (1º/12º GAV). Veja as aeronaves e equipamentos utilizados:
Esquadrão Poker (1º/10º GAV)
Instalado na Base Aérea de Santa Maria (RS), o esquadrão é a única unidade da FAB que tem por missão principal o reconhecimento tático. Operando desde 1999 as aeronaves Embraer RA-1A/B AMX, o esquadrão realiza o reconhecimento tático como função primária e mantém a capacidade de ataque, interdição e apoio aéreo aproximado.
Os RA-1 têm provisão para levar câmeras internas de longo alcance e de baixa atitude para fazer o sensoriamento remoto. Atualmente os RA-1 estão sendo equipados com datalink, que transmite as imagens capturadas em tempo real.
Esquadrão Carcará (1º/6º GAV)
Nascido no Centro de Treinamento de Quadrimotores (CTQ), o esquadrão foi ativado em 1953 na Base Aérea de Recife e passou a desempenhar missões de busca e salvamento, reconhecimento fotográfico e, eventualmente, transporte aéreo. Atualmente a unidade realiza missões de reconhecimento fotográfico, visual e meteorológico e opera os R-35 A e R-35 AM Learjet.
O R-35A Learjet é um jato mais moderno, com equipamentos de navegação automatizados. A aeronave utiliza câmeras para fotografia vertical adaptadas para atuarem em maiores altitudes. Três unidades foram equipadas com radares de última geração para cumprirem missões de guerra eletrônica e reconhecimento. Com essa modificação as aeronaves receberam a designação R-35AM.
Esquadrão Guardião (2º/6º GAV)
Criada em 1999 para apoiar o Sistema de Vigilância da Amazônia (SIVAM), a unidade foi incorporada à Base Aérea de Anápolis (GO) e recebeu a designação de Esquadrão Guardião. A unidade é responsável pelo planejamento, execução e supervisão das missões de sensoriamento remoto, reconhecimento aéreo e controle e alarme aéreo antecipado. Atualmente utiliza as aeronaves E-99 e R-99, ambas com radares e diversos sensores.
Esquadrão Hórus (1º/12º GAV)
O esquadrão está localizado na Base Aérea de Santa Maria, no Rio Grande do Sul. É a única unidade da FAB a operar Aeronaves Remotamente Pilotadas (ARP), o RQ-450 e o RQ-900. Os equipamentos também podem ser empregados na área de segurança pública, no controle de desmatamento e em operações de defesa civil.