Brasil e Cabo Verde vão ampliar a parceria na área de defesa. Os entendimentos neste sentido foram tratados nesta segunda-feira durante reunião entre os ministros da Defesa Jaques Wagner e Rui Semedo.
A proposta é aprofundar os acordos de cooperação entre os dois países, principalmente, nas áreas de formação militar, realização de exercícios conjuntos das Forças Armadas e intercâmbio nas áreas de inteligência de informações para controle dos espaços aéreo e marítimo no Atlântico Sul.
Durante visita oficial do titular da Defesa do país africano, o ministro Jaques Wagner destacou que a parceria com Cabo Verde é altamente estratégica, especialmente pelo esforço na vigilância e no combate a ilícitos na área marítima localizada entre a América do Sul e África.
“Trata-se de um país prioritário para o Brasil, com o qual as iniciativas de cooperação são tradicionais e estão em bom andamento”, disse Jaques Wagner.
O ministro da Defesa de Cabo Verde elogiou o seguimento dos projetos executados em parceria pelos dois países.
"No Brasil, é comum se dizer que ‘em time que está ganhando não se mexe’, e, nesse sentido, queremos prosseguir com nossos acordos de cooperação", afirmou Rui Semedo, após saudação feita em almoço no salão nobre do Ministério da Defesa.
Ao invés de militares de Cabo Verde virem para o Brasil para participar de cursos de capacitação nas diversas escolas militares – como ocorre atualmente – o ministro Jaques Wagner admitiu a possibilidade de o Brasil enviar instrutores militares para o treinamento de tropas cabo-verdianas no próprio país. Tal medida, segundo o ministro, permitiria que um número maior de militares pudesse participar dos cursos, trazendo melhores resultados custo-benefício.
Wagner afirmou que a orientação da presidenta da República, Dilma Rousseff, seguindo o que é preconizado pela Estratégia Nacional de Defesa (END), é dar prosseguimento aos projetos de cooperação com os países africanos. A cooperação com países do Atlântico Sul, com o fortalecimento da capacitação militar desses países, é considerada fundamental porque pode contribuir com o combate aos ilícitos transnacionais.
Brasil sedia encontro de prevenção a ameaças químicas
Capacitar profissionais com elementos teóricos e práticos para que eles estejam aptos a identificar e prevenir ameaças provocadas por agentes químicos. Esse é o objetivo do Sexto Curso Básico de Assistência e Proteção em Resposta a Emergências Químicas para Estados Partes da América Latina e Caribe, iniciado nesta segunda-feira, no Rio de Janeiro. A capacitação, que segue até o próximo dia 27, é destinada a representantes civis e militares do Brasil e de mais 16 nações integrantes da Convenção para Proibição de Armas Químicas (CPAQ).
No primeiro dia de atividades, o diretor do Departamento de Ciência e Tecnologia Industrial do Ministério da Defesa (MD), general Aderico Visconte Pardi Mattioli, destacou que o Brasil está pronto para cooperar com outros países, compartilhando seu conhecimento nesse setor. “Queremos abrir portas e janelas, firmar contatos”, completou.
Também sobre essa troca de experiências, o secretário executivo da Autoridade Nacional Brasileira, Sérgio Antônio Frazão Araujo, reafirmou o compromisso do país em “cooperar tecnicamente com o Grupo de Países da América Latina e do Caribe (GRULAC), no sentido de criar e implementar legislação específica”. O secretário afirmou ainda que a iniciativa do curso também “fortalece a inserção do Governo nos esforços para a integração regional”.
A importância da cooperação, especialmente aquelas firmadas com a Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP), também foi destaque na fala do comandante-geral do Corpo de Fuzileiros Navais, almirante Fernando Antonio de Siqueira RIbeiro. “A possibilidade de abertura com a CPLP é uma expansão. Mostra a projeção natural do nosso país no entorno estratégico”, disse.
A OPAQ
Para o conselheiro do Ministério das Relações Exteriores, Guilherme Frazão Conduru, com a chegada de grandes eventos esportivos no Brasil, planejar e organizar ações nesse sentido são desafios. “A realização desse curso mostra a importância que a OPAQ tem para o país”, disse ele se referindo a Organização para Proibição de Armas Químicas, instituição que foi vencedora do Prêmio Nobel da Paz em 2013.
O oficial superior de Assistência e Proteção da OPAQ, Justo Quintero Mendez, explicou as atribuições de sua instituição, destacando que a OPAQ não faz parte do sistema Organização das Nações Unidas (ONU) e trabalha de forma independente.
“A OPAQ tem o objetivo de alcançar os propósitos da CPAQ”, falou. E afirmou, ainda: “A Convenção não proíbe o uso de armas químicas para as áreas industrial, agrícola e farmacêutica, por exemplo. Mas proíbe o uso mal intencionado”, destacou.