A Câmara dos Representantes dos Estados Unidos aprovou na noite desta segunda-feira (23/03), por larga maioria – 348 votos a 48 –, uma resolução pedindo ao presidente Barack Obama que envie armas "letais defensivas" às tropas ucranianas, para ajudá-las na luta contra os separatistas pró-Rússia do leste.
O objetivo, ressaltaram os congressistas, é possibilitar que a Ucrânia defenda seu território de "agressões continuadas por parte da Federação Russa". A resolução contou com apoio tanto de republicanos, quanto de democratas.
"Decisões como esta não devem ser partidárias. Por isso, hoje nós, democratas e republicanos, estamos nos posicionando como americanos, para dizer um 'já basta!' na Ucrânia", afirmou o democrata Eliot Engel, um dos principais apoiadores da proposta.
Segundo Engel, sob o comando de Vladimir Putin, a Rússia está se tornando "uma ameaça clara a meio século de compromisso americano com o investimento numa Europa que seja plena, livre e pacífica", disse. "Uma Europa onde as fronteiras não sejam alteradas à força", completou Engel.
A Ucrânia e países ocidentais acusam a Rússia de apoiar os separatistas nas províncias de Donetsk e Lugansk. Moscou nega. A crise na ex-república soviética começou pouco depois de a Rússia anexar a península da Crimeia, que fazia parte do território ucraniano, há um ano. Até agora, conflitos entre rebeldes separatistas e tropas leais a Kiev já deixaram mais de 6 mil mortos.
A resolução coloca mais pressão sobre a Casa Branca, que continua avaliando o envio de armas à Ucrânia. O principal comandante das Forças Armadas americanas, general Martin Dempsey, chefe do Estado-maior dos EUA, ressaltou que o governo "absolutamente considera" o envio de ajuda com armas. O secretário americano de Defesa, Ashton Carter, também declarou estar "inclinado" nessa direção.
O comandante supremo da Otan na Europa,general Philip Breedlove, afirmou neste domingo que o Ocidente deveria considerar "todas as possibilidades" para ajudar a Ucrânia, inclusive enviar armas de defesa para as tropas de Kiev no leste do país.
"Sem ação de Washington, as agressões russas continuarão acontecendo", disse o presidente da Câmara dos Representantes, o republicano John Boehner, logo após a votação.
De acordo com o Departamento americano de Estado, antes de bater o martelo, a Casa Branca está esperando para ver se o acordo de cessar-fogo entre Kiev e separatistas, assinado no mês passado em Minsk, será respeitado. Por enquanto, os EUA anunciaram o fornecimento de 75 milhões de dólares em artigos não letais às tropas ucranianas lutando no leste do país.