O primeiro-ministro britânico, David Cameron, anunciou nesta terça-feira (24/02) que o Reino Unido começará, já em março, a ajudar no treinamento de tropas ucranianas. Segundo ele, se não for confrontada, a Rússia continuará a desestabilizar países vizinhos.
"Durante o próximo mês, nós vamos destacar pessoal de serviço britânico para fornecer assessoria e uma série de treinamentos, de inteligência tática e logística a tratamento médico", disse Cameron. "Também forneceremos um programa de treinamento de infantaria para aumentar a durabilidade das forças ucranianas."
O premiê afirmou que o Reino Unido não descarta fornecer armamento aos ucranianos, mas explicou que, no momento, a melhor forma de ajudar é com conhecimento e material não letal.
"Se nós não nos posicionarmos frente à Rússia, isso causaria danos profundos para todos nós, porque vamos ver mais desestabilização. Os próximos serão a Moldávia e os países do Báltico", assinalou.
Há duas semanas, os EUA anunciaram ajuda similar. Os americanos vão enviar cerca de 600 soldados à Ucrânia para treinar as tropas locais e melhorar sua capacidade de se defender de ataques de artilharia dos separatistas, que controlam parte da região leste do país.
Retirada de armas do front
O anúncio de Cameron chega pouco depois de os separatistas no leste da Ucrânia afirmarem que começaram uma retirada de armas pesadas das áreas de conflito. Eduard Basurin, líder da autodeclarada "República Popular de Donetsk", garantiu que se planeja recuar 96 morteiros do front, além das 20 unidades que já teriam sido retiradas nos últimos dias.
O canal de notícias russo R24 noticiou o recuo rebelde das armas pesadas – inicialmente em Debaltsev, depois em Donetsk e outras cidades.
O governo da Ucrânia, no entanto, mantém-se cético com relação à declaração dos rebeldes pró-russos, apesar de testemunhas terem observado a movimentação de morteiros em áreas controladas por separatistas.
"Os rebeldes estão apenas reagrupando seus bandos e realocando suas armas", disse o porta-voz das Forças Armadas da Ucrânia, o coronel Andrey Lysenko.
Na segunda-feira, Kiev anunciou o adiamento do recuo de armas pesadas, alegando que isso não ocorrerá "enquanto os rebeldes continuarem" atacando seus soldados.
Segundo o Conselho de Segurança Nacional da Ucrânia, os separatistas atacaram as forças ucranianas 27 vezes em apenas 24 horas. Já os rebeldes acusam as tropas do governo de violar o cessar-fogo 29 vezes.
A Organização de Segurança e Cooperação na Europa (OSCE), que monitora o andamento do cessar-fogo, afirmou que não foi possível verificar qualquer retirada de armas pesadas da zona de conflito.
Apelo de ministros
Nesta terça-feira, os ministros do Exterior de Rússia, Ucrânia, França e Alemanha fizeram um novo apelo para que o acordo firmado em Minsk no dia 12 de fevereiro seja respeitado, e pediram um imediato cessar-fogo na região.
"Nós, os quatro ministros, pedimos uma estrita implementação das disposições do acordo de Minsk, começando por um cessar-fogo e com a retirada de armas pesadas", afirmaram os representantes em uma nota conjunta.
Durante encontro na capital de Belarus há duas semanas, Kiev e rebeldes concordaram em suspender as hostilidades e retirar armas pesadas para uma faixa de até 70 quilômetros distante da linha de confronto, a fim de criar uma zona neutra. O recuo começaria três dias depois. O acordo foi acertado em Minsk, com a mediação de Alemanha, França e Rússia.