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A guerra entre pilotos e drones está no ar


Jack Nicas
The Wall Street Journal


Topógrafos, fotógrafos e cinegrafistas aéreos estão cada vez mais perdendo negócios para robôs que frequentemente podem fazer o trabalho deles de forma mais rápida, mais barata e melhor. Está no ar a batalha dos homens contra os drones.

Essa competição, junto com as preocupações com relação a colisões no ar com drones, transformou os pilotos comerciais em alguns dos mais duros oponentes às aeronaves não tripuladas. E agora esses aviadores estão revidando, fazendo lobby junto aos reguladores por regras restritas para esses dispositivos e delatando às autoridades casos de usos não autorizados de drones.

Jim Williams, chefe do escritório de aeronaves não tripuladas da Agência Federal de Aviação (FAA, na sigla em inglês), disse que muitas investigações da entidade sobre voos de drones comerciais começam com pistas dos pilotos que concorrem com esses drones. “Eles nos dizem ‘olha, estou perdendo todos os meus negócios para esses caras. Eles não têm autorização. Investiguem’”, disse Williams em uma conferência sobre drones no ano passado.

Ao contrário da grande maioria dos pilotos comerciais dos EUA — aqueles que conduzem aviões de passageiros bem longe do solo —, os principais oponentes dos drones são os que operam helicópteros e pequenos aviões, geralmente entre 500 pés e 2 mil pés, para fazer mapas, inspecionar dutos e pulverizar safras. Os drones devem permanecer abaixo de 400 pés, mas a FAA já recebeu dezenas de relatos de aparelhos voando muito perto de aviões tripulados — normalmente pequenos aviões e helicópteros.

“Um objeto de 20 quilos se chocando com certas partes de um helicóptero pode ser desastroso”, diz Mike Peavey, um piloto veterano da Guerra do Vietnã que opera helicópteros na região de New England para monitorar linhas de energia e fazer filmagens.

Peavey diz que ele inicialmente se recusou a filmar uma competição de barcos em Newport, em Rhode Island, em junho, porque os drones também estariam sobrevoando as águas da região. Ele pressionou os inspetores aeronáuticos de Rhode Island para reconsiderar a permissão de drones no evento.

Uma semana antes da competição, o inspetor disse que operar um drone perto de um evento ao ar livre seria uma contravenção de acordo com a lei de Rhode Island. Peavey filmou os veleiros. Os drones, não.

A FAA baniu o uso comercial de drones até que a regulamentação para os dispositivos seja concluída nos próximos anos. Enquanto isso, a agência aprovou voos comerciais de drones com limitações para 15 operadores.

Em muitos desses casos, o maior sindicato de pilotos dos EUA, a Associação de Pilotos de Linhas Aéreas, e a Associação da Aviação Agrícola Nacional, um grupo comercial de aviadores que atua no setor agrícola, ajudaram a persuadir a FAA a colocar restrições severas em voos de drones, incluindo a necessidade de licença de piloto para os operadores e a manutenção dos dispositivos dentro da área de visão a olho nu.

No caso de várias isenções, a FAA concordou com as recomendações do grupo de aviadores do setor agrícola para exigir que os operadores notifiquem as autoridades locais de aviação dois dias antes dos voos e exibam números de identificação nos drones. O grupo também pediu à FAA para exigir pintura brilhante, luzes estroboscópicas e transponders que transmitem a localização dos drones para outros aviões, mas a agência recusou essas exigências.

No ano passado, depois que um juiz derrubou a primeira multa aplicada pela FAA contra um homem que operava um drone imprudentemente, o grupo de aviadores do setor agrícola entrou com uma ação judicial em defesa da aplicação da multa.

Se a FAA não pode punir usuários imprudentes de drones, “então a segurança de voos para operações na aérea agrícola (e todas as operações com aviões tripulados com esse objetivo) está em risco”, escreveu o grupo, que exige que seus membros avisem a FAA no caso de avistarem drones.

O piloto Chuck Boyle, presidente da Associação Internacional dos Fotógrafos Aéreos Profissionais, diz que os drones têm sido um assunto constante nos encontros do grupo há anos. “Temos muitos membros que estão frustradíssimos”, diz. “Eu ouço histórias deles [fotógrafos] perdendo negócios para empresas de construção que decidiram fazer [trabalhos] por conta própria [com drones] ou de um operador de drone que pegou um emprego deles.”

Boyle começou a denunciar usuários de drones que desrespeitavam a proibição da FAA. “Estou muito preocupado que a atitude realista que ele exibe e sua oferta comercial de ‘drones’ machuquem alguém”, escreveu ele para um inspetor da FAA no ano passado, denunciando um empresário de Orlando, na Flórida, cuja empresa filma comerciais de TV usando drones.

O inspetor advertiu a empresa, a CineDrones, dizendo que se ela estivesse usando drones comercialmente, “eu devo insistir para que vocês parem as operações imediatamente”.

O presidente da CineDrones, Mike Fortin, diz que ignorou o alerta e ainda está usando os aparelhos.

Muitos pilotos, contudo, não são tão críticos quanto aos drones e alguns estão até adotando os dispositivos.

O ex-piloto da Força Aérea dos EUA, Robert Hicks, que opera uma empresa de fotografia aérea usando aviões tripulados, disse que ele recentemente iniciou sua própria empresa de drones depois de observar que o setor está mudando. Ele está focado em clientes latino-americanos em função da regulação severa nos EUA.

Bill Richards, um piloto que faz filmagens com seu helicóptero em New York, diz que enquanto “todo mundo em meu setor está desdenhando dos drones”, ele decidiu construir o seu próprio aparelho por US$ 15 mil. “Eles podem fazer algo que eu não posso: subir poucos metros sem provocar uma enorme ventania no set de filmagem”, diz.

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