Nelson Düring
Editor-Chefe DefesaNet
Análise do material das Agências IRNA e FARS
O Irã realizou, no fim de 2014, a manobra “Mohammad Rasoulallah (PBUH)”, que durou seis dias e atraiu a atenção dos países da região e das grandes potências. As manobras militares anteriores do Irã, eram caracterizadas por muita propaganda e resultados discutíveis. Algumas manipulações de imagens mostrando equipamentos, que não existiam, ficaram clássicas.
Os grandes estoques de armas adquiridos nos tempos do Xá Reza Pahlevi ainda são usados. Na foto Caças F-4 Phantom levam mísseis Maverick modificados.
Porém, as manobras 'Mohammad Rasoulallah (PBUH)” alteraram este perfil significativamente. Mostrou uma avanço em coordenação (Comando e Controle – C2) nas Forças Militares, empregando as três Forças e o Corpo de Guardas da Revolução Islâmica (Islamic Revolution Guards Corps – IRGC).
As manobras foram realizadas na região sul do Irã (terrestre e marítima) e compreenderam uma área de 2,2 Milhões de Km2. Do Leste do Estreito de Hormuz ao Sul do Golfo de Aden. Embora e menção constante de que o número de força envolvida era expressivo não foi mencionada nenhuma grandeza.
Em entrevista coletiva (23DEZ14) o Comandante da Marinha Contra-Almirante Habibollah Sayyari mencionou: "Nós exercitaremos duas táticas de Guerra Assimétrica, Guerra com novas ameaças e Guerras Proxy (Híbridas)”.
Mais enigmático mencionou: "O Irã usará drones suicidas, de vigilância e reconhecimento durante os exercícios."
A menção de "Drones Suicidas" atraiu a imaginação da imprensa mundial
A menção de “drones suicidas” (suicide drones) atraiu a atenção e imaginação da imprensa mundial. Porém, não seria nada mais que uma atualização da missão tipo do Míssil Cruise americano, dos anos 80. A possibilidade de atacar alvos inimigos em profundidade e de forma autônoma.
Um fato importante é que o Irã, no momento em negociações, para normalizar o seu Programa Nuclear, com o Grupo Diplomático P5+1 (Grupo de Países com assento permanente no Conselho de Segurança da ONU : Estados Unidos, Rússia, China, França e Inglaterra mais a participação da Alemanha).
Defesa Aérea
Um dos grandes avanços iranianos tem sido na área de Defesa Aérea. O Comandante da Base de Defesa Aérea Khatam ol-Anbia Brigadeiro-General Farzad Esmayeeli historiou alguns avanços recentes.
"Usando radares desenvolvidos e produzidos localmente pelos jovens cientistas e experts da Base de Defesa Aérea Khatam ol-Anbia, nós podemos monitorar todos os movimentos inimigos até além de nossas fronteiras," afirmou Sabahifard.
A capacidade de rastrear as aeronaves de inteligência americanas U-2, e os alertas para que permaneçam fora do território iraniano foram mencionadas e confirmadas por outras autoridades militares.
O General Esmayeeli também mencionou que foi abatido um drone tipo ELBIT Hermes 450 (similar ao operado pela FAB), em Agosto 2014. Achar um drone voando, devido às suas diimensões, é como achar uma agulha em um palheiro. "Devemos ter cuidado para não confundi-los com aeronaves comercias ao identificá-los e abater tais drones."
O drone israelense foi abatido por um míssil terra-ar, antes dele sobrevoar o complexo de enriquecimento de urânio de Natanz, no Irã Central.
O Irã já abateu vários drones americanos nos últimos anos. O caso mais notável foi a captura de um drone RQ-170 (04 DEZ 11), através de uma avançada operação de ciber ataque.
Desde Dezembro 2011, o Irã afirma que capturou mais dois drones americanos tipo RQ-170. ( Leia a matéria O tendão de Aquiles dos Vants? Link)
O modelo iraniano do RQ-170, através de Engenharia reversa, significou um avanço de 35 anos, afirmou o General Hajizadeh.
Lançamento do míssil Shalamcheh
O sistema de defesa aera é baseado no míssil americano Hawk, chamado de Hag, comprado durante os período do Xá Reza Pahlevi. Na manobra “Mohammad Rasoulallah (PBUH)”, foi apresentado a nova versão do míssil o Shalamcheh, com velocidade Mach 3.
Com o Sistema de Radar Arash 2 tem a capadiade de rastrear objetos pequenos e de baixa Seção Radárica formando o Sistema Skyguard.
Terrestre
Foi apresentado missil anti-tanque Toufan (similar ao russo Kornet). O Sistema de guia é por laser e lançado tanto de terra como helicópteros. Os iranianos o consideram similar ao americano AGM-114 Hellfire. O alcance é de 4 km.
Também um novo Fuzil Sniper chamado Shaher. Não foram liberados dados sobre a arma.
Os blindados em sua maioria são de procedência russa, carros de combate T-90 e veículos de Combate de Infantaria BMP-2. Alguns blindados de procedência americana M-113 também foram usados.
Um sistema de minagem terrestre também foi usado.
Naval
O encerramento da manobra Mohammad Rasoulallah (PBUH) foi através de um Desfile Naval, realizado no dia 31 DEZ 14, prestigiado pela cúpula militar e também pelo próprio presidente iraniano Hassan Rouhani.
Durante as manobras foram lançados dois mísseis de cruzeiro: Nour (lançado desde embarcações, terra e aeronaves) e Nasr .
O míssil de cruzeiro Nour tem um alcance de cerca de 120 km.
O míssil de cruzeiro Nasr é capaz de destruir embarcações de 3.000t e pode ser disparado desde a costa, embarcações e helicópteros.
Porém, duas novidades chamaram a atenção. O submarino Classe Tareq (Russos Classe Kilo) apresentou uma capa absorvente das ondas do sonar (Ver foto acima).
Helicópteros SH-3D lançaram torpedos produzidos no país. O Torpedo pode ser lançado desde helicópteros, submarinos e navios.
O submarino Fateh, que foi lançado no início de 2014 também foi apresentado e realizou provas operacionais durante as manobras the Mohammad Rasoulallah (PBUH).
O encerramento da manobra Mohammad Rasoulallah (PBUH) foi através de um Desfile Naval, realizado no dia 31 DEZ 14, prestigiado pela cúpula militar e também pelo próprio presidente iraniano Hassan Rouhani.
A Novidade
Talvez a maior novidade tenha sido anunciada antes mesmo das manobras. No dia 15 DEZ 14, o Exército Iraniano lançou o livro “Army's 'Self-Sufficiency Jihad” nas palavras do Supremo Líder da Revolução Istâmica Ayatollah Seyed Ali Khamenei, editado pela Revolução Islâmica.
O livro foi lançado com a presença de todo o Alto-Comando das Forças Iranianas.
Ao discursar na cerimônia o Comandante Senior do Exército Brigadeiro-General Khorram Toussi afirmou as diretivas do Líder Supremo pavimentaram o caminho da Jihad da Auto-suficiência, que colocou um fim na dependência do país e ajudou a torná-lo autônomo em muitos campos estratégicos.
Teerã lançou programas de desenvolvimento de equipamentos de defesa nos anos 1980-88, para compensar o embargo imposto pelos Estados Unidos. Desde 1992 o Irã tem produzido seus próprios carros de combate, blindados, mísseis e caças.
Mais recentemente o Irã tem feito grande avanços na indústria aeronáutica, especialmente no projeto e produção de drones.
A mensagem não poderia ser mais clara. Os aiatolás não tolerarão terrorismo em seu país
Nota DefesaNet
Esta manobra ocorrem após a grande manobra da Arábia Saudita Abdullah Sword ( A Espada de Abadullah) Leitura recomendada
Arábia Saudita – Impressionante Manobra Abdullah Sword (Link)
Também recomendado
O tendão de Aquiles dos Vants? (Link)