O ex-chefe de polícia e ex-ministro de Segurança da China, Zhou Yongkang, foi detido e expulso do Partido Comunista (PCC), acusado de corrupção e de divulgar segredos de Estado, entre outros delitos, publicou neste sábado (6NOV14) a agência oficial "Xinhua".
A investigação contra o ex-ministro, que foi anunciada no final de julho, "provou que Zhou violou a disciplina política, organizativa e confidencial do Partido", segundo a agência, que acrescentou que o político "se aproveitou de sua posição para buscar benefícios e aceitou o pagamento de propina em grande quantidade".
Zhou, de 72 anos e rosto fechado, é a autoridade mais alta a ser levada a julgamento desde que a esposa de Mao Tsé-tung, Jiang Qing, foi acusada de deslealdade, em 1981. Ele estava sendo investigado desde julho por "violações severas de disciplina". É possível que ele tenha sido preso meses atrás, mas o caso só foi revelado agora, após o Partido Comunista confirmar sua expulsão, na sexta-feira. Zhou não aparecia em público desde outubro de 2013.
"Ele abusou de seus poderes para ajudar parentes, amantes e amigos a terem lucros enormes com suas empresas, resultando em sérias perdas para os ativos estatais", disse a agência oficial de notícias Xinhua, acrescentando que ele violou as regras de confidencialidade do Partido Comunista. "Ele vazou os segredos do Partido e do Estado", afirmou a agência, sem dar mais detalhes. Como na China os julgamentos de altas autoridades geralmente têm os resultados combinados entre as lideranças do partido, é bastante provável que Zhou seja condenado.
Muitos observadores e especialistas políticos dizem que Zhou provavelmente foi um grande rival do presidente Xi, que com a prisão dá uma clara demonstração de força. Ex-membros do Politburo do Partido Comunista são considerados intocáveis, em uma regra informal que visaria manter a unidade do partido, mas Xi prometeu punir autoridades de todos os escalões na sua campanha contra a corrupção.
Como chefe de segurança da China, Zhou fiscalizava as agências domésticas de espionagem, uma posição que lhe conferia acesso a informações de outros políticos importantes que poderiam ameaçá-lo. Sua rede de influência era enorme, especialmente na província de Sichuan, no sudoeste do país, onde chefiou a regional do Partido Comunista e controlou o setor petroleiro, a polícia e a Justiça.
A agência acrescentou que foram encontradas 'provas de mais crimes' cometidos por Zhou durante a investigação. "O que Zhou fez viola seriamente a disciplina do Partido, sua natureza e sua missão", diz o comunicado divulgado pela Xinhua.
O político, de 71 anos, fez carreira no partido e se transformou em diretor-geral da China National Petroleum Corporation entre 1996 e 1998. Sua ascensão no PCC o levou a ser duas vezes ministro, de Terras e Recursos e de Segurança Pública.
Também governou a rica província de Sichuan, no oeste do país, e ocupou um cargo no Comitê Permanente do PCC, no qual são tomadas as principais decisões do país.
Este último cargo, que desempenhou entre 2007 e 2012 quando o Comitê contava com nove membros (agora são sete), o transforma no primeiro funcionário do mais alto escalão a ser detido desde 1976.
Agora, o caso de Zhou passará a ser responsabilidade da procuradoria do país, que anunciou a abertura de uma investigação contra ele, de modo que ainda terá que ser indiciado para que aconteça um eventual julgamento.
O jornal oficial "Diário do Povo" deu boas-vindas à detenção de Zhou e garantiu que 'a decisão mostra que o Partido persiste em sua crença de salvaguardar os interesses fundamentais do povo'. "A decisão tem a aprovação do Partido e do povo", afirmou a publicação em seu editorial.
O caso contra Zhou é o de maior peso depois que seu protegido, Bo Xilai, ex-dirigente de Chongqing e um dos políticos mais carismáticos da China, foi condenado à prisão perpétua por corrupção e abuso de poder em setembro do ano passado.