"A votação no Conselho de Direitos Humanos mostra uma mudança de posição do Brasil em relação ao Irã. Reforça também o compromisso de Dilma (Rousseff) em construir uma política externa baseada em direitos humanos. Isso afeta em alguma medida a relação entre os dois países, mas não muito. O Irã não vai dar um pontapé no Brasil por isso. Ele sabe que vai precisar do Brasil em outros pontos. Acredito que a medida facilite a aspiração ao Conselho de Segurança da ONU, porque os EUA começam a ver o país de uma forma mais confiável" – Antonio Carlos Peixoto professor de Relações Internacionais da Uerj.
"Os ativistas de direitos humanos do Irã trabalharam para se certificar que o governo brasileiro soubesse das atrocidades que acontecem no país. Ciente disso, o governo não poderia justificar aos brasileiros o porquê de se opor a uma resolução como essa. Acredito que a carta (que 180 mulheres escreveram a Dilma Rousseff pedindo apoio à resolução) e uma viagem que fizemos ao Brasil foram importantes para persuadir o governo brasileiro a votar a favor. Espero que o diálogo entre os países continue e que o Brasil continue se preocupando com a situação dos direitos humanos. Sei que o governo iraniano não está feliz, mas tem que entender que não pode ter amigos e aliados se continuar agindo como age" – Hadi Ghaemi iraniano, diretor da organização Campanha Internacional pelos Direitos Humanos no Irã.
"Vejo uma saudável e significativa correção de rumo, que reforça a credibilidade do Brasil no plano internacional, e realinha (o governo) com o desejo da sociedade, que é uma posição mais forte em direitos humanos. Mesmo antes dessa votação, já não via mais a hipótese de o Brasil atuar como mediador na questão nuclear iraniana. Esse é um assunto superado. Já a votação se reflete favoravelmente a uma vaga no Conselho de Segurança da ONU, embora esta decisão não venha tão cedo" – Roberto Abdenur ex-embaixador brasileiro em Washington.
"O voto não me surpreendeu, pois acredito que a presidente Dilma Rousseff já vinha sinalizando uma preocupação especial em relação às restrições dos direitos humanos no Irã, principalmente no que diz respeito ao direito da mulher. A postura de hoje me parece uma mudança significativa e que deve permear todo o governo, até pelo histórico de militância política e de compromisso com os direitos humanos da presidente. Quanto ao Irã, acredito que não se expressará abertamente contra o Brasil, já que teme ser isolado politicamente" – Marcio Scalercio professor do Instituto de Relações Internacionais da PUC-Rio.
"O voto representa uma mudança com relação à agenda de Lula e indica que no governo Dilma talvez o Brasil não se aproxime tanto do Irã. É uma mudança interessante, e mostra que o chanceler Antonio Patriota vai privilegiar acordos com os blocos de países. O que é positivo, porque quando se tem relações bilaterais muito próximas, há um custo muito alto a pagar. No caso do Brasil e do Irã, o Brasil estava apoiando um ditador" – Jose Luiz Niemeyer dos Santos Filho Coordenador do curso de Relações Internacionais da Ibmec- RJ.
"A votação marca uma mudança na política externa de direitos humanos do Brasil, que já vinha sendo acenada, pontualmente, pelo ministro Celso Amorim no final do governo Lula. A postura brasileira no Conselho da ONU mostrou que o o governo vai, enfim, assumir um papel firme em direitos humanos. Apesar do voto poder afetar a relação com o Irã, não acredito que o governo de Ahmadinejad vá adotar uma postura hostil, já que isto poderia custar o isolamento do Irã na política internacional" – José Ribas professor de Relações Internacionais da UFF.