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PCC-HEZBOLLAH : Polícias de países vizinhos compartilham informações

 

Série de Matérias publicadas em O Globo

PF aponta elo entre PCC e Hezbollah Link

PCC-HEZBOLLAH : Polícias de países vizinhos compartilham informações Link

PCC-HEZBOLLAH : Libanês é apontado pelos EUA como coordenador do Hezbollah no Brasil Link

 

O Editor


Francisco Leali
O Globo


BRASÍLIA – A maior parte das investigações na Tríplice Fronteira é compartilhada. Policiais dos países vizinhos trocam informações. Mas eles não estão sozinhos. Autoridades americanas estão sempre por perto e têm participação ativa nas operações. Apesar de colaborar com essas investigações internacionais, a Polícia Federal não deixa de registrar o interesse americano que tem sempre uma motivação: ter informações sobre a comunidade árabe na região que possa trazer vínculos com o terrorismo.

Os contatos mais frequentes são feitos pelo DEA, a agência americana de combate às drogas. Oficialmente, a agência americana parece interessada em dados sobre drogas na Tríplice Fronteira, mas o alvo principal é monitorar as ações de pessoas que possam ter alguma relação com atividades terroristas.

Documento produzido pela PF cita, como exemplo, um episódio ocorrido em agosto de 2008. Na época foi deflagrada no Paraguai a operação “Sin Fronteras”. A ação teve apoio de Brasil, Chile, Argentina, Romênia e Estados Unidos. Oito pessoas foram presas, sendo que três de origem libanesa acabaram sendo extraditadas para os EUA: Nemir ali Sahyter, Amer zoher El Hossni e Mousa Ali Hamdan. Todos acusados de tráfico internacional de drogas.

A ação policial era oficialmente coordenada pela Secretaria Nacional Antidrogas do Paraguai (SENAD). Mas o serviço de inteligência da PF fez questão de anotar em documentos internos que o DEA “aparentemente orientou os rumos da investigação, possivelmente como forma transversa de obtenção de dados sobre muçulmanos e prisão de supostos envolvidos com atividades terroristas”.

A área de inteligência reforça seu entendimento sobre os verdadeiros motivos da operação pelo fato de que em sete meses de monitoramento telefônico feito no Brasil não teriam sido encontradas indicações de remessa de drogas para os EUA. O destino do tráfico citado nos grampos pelos traficantes era Europa, Oriente Médio e Ásia. Ou seja, não haveria razão aparente para o DEA se interessar pelo caso.
 

Um relatório da área de inteligência da PF registra ainda que o setor vinha sendo insistentemente procurado por representantes do DEA interessados numa investigação brasileira sobre libaneses ligados ao tráfico de entorpecentes. “Tais representantes não demonstram qualquer interesse nas demais operações relacionadas ao narcotráfico, evidenciando o foco de trabalho daquele órgão na região da Tríplice Fronteira”, diz o relatório.

Os investigadores da PF identificaram ainda pessoas que atuariam como informantes pelo DEA. Pagos pela agência americana, esses informantes estavam tentando negociar pequenas compras de droga com libaneses.

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