Por Aleksei Ramm – Texto da Gazeta Russa
Edição e adaptação por Nicholle Murmel
Ao longo do processo de modernização, que teve início no ano passado, o cruzador nuclear Admiral Nakhimov receberá o mais recente sistema de mísseis antiaéreos de longa distância S-400, bem como o sistema de médio alcance Polyment-redoute e os mísseis de cruzeiro Kalibr.
De acordo com Vladímir Spiridopulo, diretor-geral do Escritório de Design do Norte, responsável pelo projeto do cruzador, após a atualização o Admiral Nakhimov vai se tornar mais poderoso que o seu navio-irmão Piotr Velikii, o cruzador de mísseis pesado de propulsão nuclear que é atualmente o carro-chefe da Frota do Norte.
“Mesmo antes do início dos trabalhos de modernização já havia discussões sobre quais armamentos o Admiral Nakhimov iria receber. De acordo com declarações do Estado-Maior da Marinha, foi analisada até a opção de equipar o cruzador com o mais avançado sistema de defesa antiaérea S-500”, disse à Gazeta Russa Dmítri Kornev, especialista militar independente e editor-chefe do projeto on-line MilitaryRussia.
Segundo ele, os engenheiros navais praticamente mantiveram o sistema original de armamento do navio, mas fizeram com que ele correspondesse às exigências modernas. “O sistema S-400 substituirá o S-300F anterior, o Polyment-redoute é a alternativa ao Osa-M, e os mísseis de cruzeiro Kalibr substituirão os supersônicos Graniti”, destacou Kornev.
Além do Admiral Nakhimov, é possível que outro navio pertencente ao mesmo projeto passe por modernização semelhante: o Admiral Lazarev, que integra a Frota do Pacífico, embora se encontre atualmente no estaleiro.
Mísseis supersônicos
Os mísseis de cruzeiro Kalibr, desenvolvidos pelo Escritório de Design Experimental Novator, que faz parte da corporação de defesa aérea Almaz-Antei, já estão sendo instalados nos novíssimos submarinos do projeto 885 Yasen e nos pequenos navios de mísseis do projeto Buian-M, entre outros.
De acordo com dados oficiais, eles são capazes de atingir alvos a uma distância de até 300 quilômetros. Também é provável que em um futuro próximo os mísseis Kalibr possam atingir alvos a uma distância de mais de mil quilômetros, e que se tornem supersônicos.
Na Marinha soviética, os navios do projeto 1144 Orlan (classe do Admiral Nakhimov) eram os principais modelos dos chamados “grupos de navios de superfície” (GNK, na sigla em russo). Em tempos de paz, essas embarcações realizavam tarefas de monitoramento das frotas dos países da OTAN.
Top de linha
Ainda segundo Kornev, considerando os sistemas de armamento que serão instalados no cruzador, é pouco provável que suas tarefas sofram grandes alterações.
“Mas é possível que, em função dos novos sistemas de comunicação e controle automatizado, o Nakhimov se torne o carro-chefe da esquadra. Além da destruição de navios inimigos pelos mísseis Kalibr, o cruzador poderá se tornar uma séria ameaça para a infraestrutura terrestre do inimigo, bem como para as suas instalações estratégicas”, disse o especialista.
Ao todo, desde 1980 até 1998, quatro cruzadores nucleares pesados de mísseis do projeto 1144 Orlan passaram a integrar a Marinha soviética e, posteriormente, a Marinha da Rússia. O primeiro da série foi o Kirov, entregue à Marinha no final dos anos 1980, e o último foi Piotr Velikii, que entrou para a frota em 1998.