Autoridades militares dos Estados Unidos divulgaram nesta quinta-feira fotos que mostram o impressionante bombardeio de uma posição ocupada por combatentes do Estado Islâmico numa colina nas proximidades da cidade síria de Kobani – descrita como um centro de comando do grupo radical.
Palco de violentos combates entre as forças do grupo extremista islâmico e guerrilheiros curdos (os pershmerga), a cidade, próxima à fronteira com a Turquia, se transformou num ponto focal dos esforços contra os avanços do EI.
As imagens exibem a sequência de eventos após uma bomba de um caça da coalizão liderada pelos americanos atingir em cheio a colina ocupada por um grupo de militantes, em que estava fincada uma bandeira do 'Estado Islâmico'. Uma explosão brilhante é seguida de outros ataques em que nuvens de fumaça negra tomam conta da colina.
Os bombardeios da coalizão se intensificaram nos últimos dias, apesar das notícias de que ataques anteriores tinham conseguido conter o avanço dos combatentes islâmicos sobre Kobani.
Sua possível tomada pelo 'Estado Islâmico' seria um duro golpe para os pershmerga, que lutam no solo contra os jihadistas.
O cerco de Kobane causou preocupação suficiente para que o governo da Turquia, inimigo histórico dos curdos, autorizasse o trânsito de guerrilheiros em direção à Síria para reforças as linhas pershmerga na cidade.
Nesta semana, aviões americanos lançaram, pela primeira vez, armas e suprimentos para os guerrilheiros, que enfrentam um inimigo mais equipado – há até rumores de que as forças do 'Estado Islâmico' estariam começando a treinar pilotos de caças.
Os combates em Kobani ajudaram a agravar a situação dos refugiados sírios. De acordo com autoridades turcas, mais de 160 mil refugiados cruzaram a fronteira desde a intensificação dos combates na região.
A Turquia abriga hoje metade dos mais de 3 milhões de sírios que fugiram de seu país desde o início da guerra civil na Síria, em 2011.
Bombardeios não serão suficientes para derrotar EI, avisam forças curdas
A batalha da semana passada foi intensa, mas teria sido ainda pior sem o auxílio vindo do alto sob a forma dos ataques aéreos da coalizão liderada pelos EUA.
Rabia, cidade estratégica por conta de uma via expressa ligando Alepo, na Síria, a Mosul, no Iraque, é um exemplo de como os avanços do EI podem ser enfrentados.
Mas como as próprias autoridades militares dos EUA já reconheceram, os ataques aéreos não parecem ser suficientes para mudar substancialmente os rumos do conflito, num momento em que outra cidade fronteiriça, Kobane, pode estar prestes a cair nas mãos do EI.
Barricadas
Ao mesmo tempo em que permitiu uma vitória mais rápida e com menos vítimas em Rabia, a estratégia não teve o mesmo resultado em outra frente.
No mesmo dia em que tomaram Rabia do EI, a forças curdo-iraquianas ergueram barricadas para tentar impedir que o grupo extremista trouxesse reforços.
A barricada sofreu nada menos que sete ataques suicidas em apenas um dia, e apesar de as forças curdo-iraquianas terem frustrado a maioria desses ataques, foi impossível impedir que um caminhão-bomba furasse o bloqueio.
A explosão causou mais do que prejuízos materiais: 10 combatentes de elite morreram na explosão, incluindo um herói curdo, o general Shaihk Ombar Babkai, um veterano de diversas batalhas contra o regime do ex-ditador iraquiano Saddam Hussein.
"Se tivéssemos armamentos mais sofisticados, como mísseis anti-aéreos, poderíamos ter explodido o caminhão-bomba antes que chegasse até nós", conta Nabih Hassan, ferido no atentado que matou o general.
O fato de o EI não hesitar em lançar operações suicidas é um fator que complica ainda mais a missão das forças curdo-iraquianas.
Em Rabia, por exemplo, há relatos de que o EI lançou um ataque frontal contra os Peshmerga utilizando cerca de 100 homens, muitos usando mecanismos de detonação.
"Eles (os militantes do EI) estão prontos para morrer e fica difícil parar um inimigo se ele quer morrer. Infelizmente, eles têm armas à altura do que precisam. Nós não estamos pedindo tropas, mas sim melhores armamentos para que os Peshmerga consigam lutar, especialmente quando o inimigo tem carros blindados. Precisamos que o resto do mundo nos ajude a lutar contra terroristas que vêm de diversas partes do mundo", diz Mansour Barzani, porta-voz das forças curdo-iraquianas.
Os pedidos de armamentos incluem tanques e helicópteros, equipamento que exige treinamento extensivo.
Até agora, receberam apenas algumas metralhadoras pesadas e treinamento em armas anti-tanque.
"Estamos gratos pelos ataques aéreos e esperamos que eles continuem e sejam expandidos. Mas ainda há muito trabalho a se fazer no solo", afirma Barzani.