Militares da Marinha que vão assumir, no fim de fevereiro próximo, o 9° Contingente Brasileiro no Líbano participaram de uma semana de palestras no Ministério da Defesa, em Brasília (DF). O evento foi coordenado pelo Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas (EMCFA).
A preparação, concluída na última sexta-feira, buscou alinhar conceitos de proteção e segurança aplicáveis nas operações de paz que acontecem sob a égide da Organização das Nações Unidas (ONU).
Mais de 260 homens vão compor a tripulação da fragata União (F45), embarcação nacional que compõe o Estado-Maior da Força-Tarefa Marítima da Força Interina das Nações Unidas no Líbano (FTM-UNIFIL).
O futuro comandante da União, capitão-de-fragata Guilherme Lopes Malafaia, considerou a iniciativa do EMCFA proveitosa. “A preparação inicial, aqui na Defesa, foi fundamental para o grupo. Teremos também quatro semanas de adestramento no Centro Conjunto de Operações de Paz (CCOPAB) e, depois, algumas atividades a bordo do navio, tanto teóricas quanto de avaliações no mar”, disse.
Passagem de comando
Os militares designados para a missão vão participar, no início de 2015, da passagem de comando entre as fragatas Constituição e União. A troca de função e serviço – chamada de handover pela Marinha – acontece em Beirute, no Líbano. A partir da ação, a fragata União ficará subordinada à ONU na missão de paz, enquanto sua antecessora retorna ao Brasil.
Além do handover, está prevista para o fim de fevereiro a passagem de comando da FTM, com a substituição do contra-almirante brasileiro Walter Eduardo Bombarda pelo o contra-almirante Flavio Macedo Brasil.
A fragata União é composta por militares de diversas especialidades da Marinha do Brasil. Além da tripulação regular, participam da missão o Destacamento Aero-Embarcado (DAE) – que integra a aeronave AH-11 Super Lynx –, o Grupamento de Mergulhadores de Combate (GruMeC) e o Destacamento de Fuzileiros Navais.
Os efetivos contribuem na operação de interdição marítima, objetivo principal da missão da ONU. “Nessa situação, temos de monitorar o tráfico marítimo, identificando os navios. Caso seja confirmada alguma ação suspeita, indicamos as embarcações a serem abordadas e a Marinha do Líbano faz a vistoria”, afirmou o comandante Malafaia.
Troca de experiências
De acordo com o conselheiro Eduardo Uziel, do Ministério de Relações Exteriores (MRE), o Oriente Médio é uma região de conflitos históricos, mas Líbano e Brasil têm fortalecido suas relações a partir da troca de experiências profissionais.
Durante a missão, militares brasileiros também procuram contribuir para a formação e o adestramento da Marinha libanesa, que ainda está em fase de desenvolvimento de procedimentos e doutrinas.
O intercâmbio militar envolve também atuação integrada com embarcações de outros países, como Alemanha, Grécia, Turquia Bangladesh e Indonésia. Ao longo da missão, esses navios operam em áreas e subáreas no litoral do Líbano, cada qual com um perímetro de responsabilidade pré-definido.