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Combate terrestre ao Estado Islâmico é dor de cabeça para EUA

Jeremy Bowen

O plano anunciado pelo presidente americano para combater o grupo autodenominado Estado Islâmico no Iraque e na Síria possui algumas falhas graves.

A mais importante delas é: se as tropas americanas não vão fazer combate terrestre contra o Estado Islâmico, quem fará isso?

O problema é menos pertinente no Iraque, onde os combatentes peshmerga – de origem curda – estão dispostos a lutar no solo, e podem obter resultados importantes, desde que bem treinados e com bons armamentos. Milícias xiitas também estão combatendo no solo, com apoio iraniano.

Mas a falha é mais claramente exposta na Síria. A estratégia é baseada em uma esperança de que uma "oposição moderada" surgirá, podendo ser armada e treinada para atacar o Estado Islâmico sob a proteção de bombardeios aéreos americanos.

Sem aliados

Por mais de três anos, governos do Ocidente tentaram criar uma oposição moderada síria que possa ser amparada com palavras e armas. Mas pouco disso foi conquistado, sobretudo na Síria.

Agora essa ideia, que parecia ter sido abandonada, foi aparentemente retomada.

As dúvidas ficaram expostas esta semana quando o general Martin Dempsey, o mais graduado militar das Forças Armadas americanas, deu um depoimento no Senado.

Obama havia deixado claro em seus planos que não haveria tropas americanas no solo, no combate ao Estado Islâmico. Mas Dempsey sugeriu, em seu depoimento, que seria necessário haver uma operação terrestre. Ele prefere deixar esta opção em aberto.

O problema para os Estados Unidos é que sua política de guerra na Síria está sob ameaça. O governo tem dificuldade de achar aliados confiáveis no combate ao Estado Islâmico.

A maior parte dos grupos sírios armados que lutam desde 2011 contra o regime de Bashar Al-Assad tem medo do Estado Islâmico. Alguns já estão combatendo os insurgentes islamistas.

Muitos combatentes supostamente moderados, como os do Exército pela Libertação da Síria, geralmente não veem problema em se aliar com jihadistas radicais para enfrentar um inimigo comum – no caso o regime de Bashar al-Assad.

O problema para o governo americano é que os Estados Unidos não querem ver suas armas e treinamento acabarem em mãos de inimigos seus, como a al-Qaeda. Criar um exército que faça combates no solo exatamente nos moldes ideais pode ser quase impossível para os Estados Unidos.

E também há os efeitos graves do bombardeio americano. Muitos inocentes acabam morrendo em ataques aéreos – não só os combatentes. E isso faz aumentar o apoio a grupos que lutam contra os Estados Unidos.

Em termos militares, o Estado Islâmico está longe de ser imbatível. Mas sua mensagem tem muita ressonância entre pessoas no Iraque e Síria – sobretudo homens jovens em idade apropriada para lutar, e que estão excluídos de sua sociedade.

As forças aéreas da Arábia Saudita e dos Emirados Árabes possuem imenso poderio de fogo. Mas esses países temem que a morte de sunitas – jihadistas ou não – possa estimular ainda mais a aderência de jovens ao Estado Islâmico.

Já o Estado Islâmico não está atrás de apenas ter apelo junto às massas. O grupo precisa fundamentalmente de quadros dedicados e disciplinados.

É por isso que a guerra contra o Estado Islâmico é tratada com grande cuidado pelos aliados árabes dos americanos. E isso faz com que esse conflito possa ser mais um longo, duro e sangrento capítulo na história do Oriente Médio.

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