QUITO – Um guerrilheiro das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) foi preso na segunda-feira em Quito, em uma ação da polícia equatoriana com apoio do Exército da Colômbia. Fabio Ramírez Artunduaga, conhecido como Danilo, de 38 anos, era o número 2 da frente 48 das Farc, que atua na fronteira entre os dois países. Ele foi detido com sua companheira em um centro comercial no sul da capital e deve ser deportado.
Segundo o comandante das Forças armadas colombianas, almirante Edgar Cely, o guerrilheiro era suspeito de planejar um atentado que deixou oito policiais mortos e quatro feridos no povoado fronteiriço de San Miguel, no sul do país, em setembro de 2010. A recompensa oferecida pela sua captura era de US$ 195 mil.
"Ramirez era o homem de confiança de Milton de Jesus Toncel, o Joaquín Gómez, comandante do bloco sul e membro do secretariado das Farc", disse Cely. Ainda de acordo com o almirante, o guerrilheiro tentava fugir para a Colômbia e foi capturado graças a dados de inteligência militar e informações dadas por pessoas próximas a ele.
De acordo com o chefe da Unidade de Luta contra o Crime Organizado da polícia equatoriana, coronel David Proaño, as digitais do suspeito ainda estavam sendo identificadas. "Estamos verificando essas informações para saber se trata-se da mesma pessoa", disse.
Um agente equatoriano que participou da operação disse que o guerrilheiro negociava armas, explosivos e uniformes militares. Segundo ele, após sua prisão, o suspeito disse que já pertenceu às Farc, mas abandonou o grupo. "Ele alegou estar no Equador para tratar da saúde. Afirmou sofrer de hemorroida e gastrite", disse.
Parceria. As autoridades colombianas exaltaram a parceria com o Equador para efetuar a prisão. "Gostaria de parabenizar e agradecer as autoridades equatorianas pela prisão", disse Cely. Um dos comandante do Exército, general Juan Carlos Salazar, disse que a operação foi realizada em conjunto com o país vizinho. "Nós o seguíamos há alguns meses. Ele sumiu, mas conseguimos localizá-lo no Equador", declarou.
Ainda de acordo com o general, a prisão de Ramírez mostra que restam poucos lugares para os guerrilheiros das Farc se esconderem. "Os países vizinhos estão colaborando", afirmou.
Equador e Colômbia retomaram as relações diplomáticas em dezembro, rompidas por mais de dois anos e meio. Em março de 2008, uma ação do Exército colombiano no país vizinho matou o número dois das Farc, Raúl Reyes. Com a posse de Juan Manuel Santos, no ano passado, as relações, que entre Álvaro Uribe e Rafael Correa eram tensas, melhoraram. O mesmo aconteceu com a Venezuela do presidente Hugo Chávez. Os dois países reestabeleceram relações após a posse de Santos. / AFP, AP e REUTERS
PARA LEMBRAR
Morte de Reyes causou atrito
Na semana passada, a Justiça equatoriana convocou o diretor da Polícia Nacional da Colômbia, Oscar Naranjo, e outros oficiais por causa da operação que resultou na morte do número dois das Farc, Raúl Reyes, ocorrida em território equatoriano em 2008. O presidente Juan Manuel Santos, rejeitou a convocação, dizendo que os únicos responsáveis pela operação eram ele, na época ministro da Defesa, e o presidente Álvaro Uribe. Para o governo equatoriano, a ação violou a soberania do país. Além de Naranjo, foram convocados também o general Freddy Padilla, ex-comandante das Forças Armadas da Colômbia, e os ex-chefes do Exército, Marinha e Força Aérea.