Nelson Düring
Editor-Chefe DefesaNet
O Estado-Maior do Exército aprovou os Requisitos Operacionais Básicos da Viatura Blindada de Reconhecimento – Média de Rodas (VBR – MR) (EB20-ROB-04.006), no dia 03 de Setembro e publicado no Boletim do Exército, de 12 Setembro 2014 (BE-37/14).
Na mesma oportunidade revogou os Requisitos Operacionais Básicos nº 02/11, relativos à Viatura Blindada de Reconhecimento – Média de Rodas (VBR – MR), que tinha sido aprovada, em 16 Junho 2011.
A grande definição “à priori”, é que a arma principal será um canhão de 105 mm, montado em uma torre. E uma possível montagem para canhão de 120mm. E a necessidade de adotar uma plataforma 8×8.
Assim enterra definitivamente um dos conceitos básicos desenvolvidos pelo então Gerente do Programa General Cristino. O emprego de um canhão de 90mm em uma plataforma mais baixa e curta do Guarani 6×6.
Uma análise do ROB da VBR-MR deve ser analisado em conjunto com os estudos de possível alteração doutrinária da Brigada de Cavalaria Mecanizada (Bda C Mec).
O Exército realizou, nos dias 29 e 30 de outubro de 2013, o simpósio: “A BRIGADA DE CAVALARIA MECANIZADA NO CONFLITO MODERNO”. O simpósio tinha como objetivo Identificar a natureza e as características dos conflitos modernos e suas consequências para a organização e emprego das Brigadas de Cavalaria Mecanizada a curto e médio prazos, apresentando conclusões que indiquem a necessidade de possíveis transformações e/ou modernizações para as referidas Brigadas.
As discussões foram acaloradas e tiveram a presença de todos os comandantes de Brigadas de Cavalaria Mecanizada e dos Regimentos de Cavalaria Mecanizada.
Porém, o sentimento ficou de alguma indecisão. A briga de muito generais, era de manter os Regimentos de Cavalaria Blindado (que serão mobiliados com as Viaturas Blindadas de Combate Carro de Combate Leopard 1 A1 e Leopard 1 A5Br.
Brigadas de Cavalaria Mecanizada
1ª Bda C Mec Santiago – RS – 3ª DE
2ª Bda C Mec Uruguaiana – RS – 3ª DE
3ª Bda C Mec Bagé – RS – 3ª DE (ver nota)
4ª Bda C Mec Dourados – MS – CMO
Nota – A 3ª Bda C Mec deverá ser deslocada para o Planalto Central.
Era sentido que a maioria ainda não tinha conhecido a Viatura Blindada Guarani, que substituirá os EE-11 Urutu e EE-9 Cascavel, fabricados pela Ex-ENGESA.
A unidade de manobra e intervenção por excelência do Exército Brasileiro, a Brigadas de Cavalaria Mecanizada, deve-se dizer os fatos, até o momento sempre esteve sub-equipada e com equipamentos deficientes. Dois pontos relevantes são o EE-9 Cascavel, que com canhão de 90mm, sem um sistema de pontaria efetivo seria de pouca utilidade, e com alcance reduzido, contra viaturas blindadas.
O EE-11 Urutu oferece uma proteção mínima e em especial, os dois blindados de rodas têm uma mobilidade precária em todo o terreno, e mesmo aproveitando o eixo rodoviário suas caixas de reduções, tornam o deslocamento cansativo para a tripulação.
Surge o Guarani, versão 6×6, dentro da Nova Família de Blindados.
Na LAAD de 2011 foi apresentada uma versão do projeto da VBR- MR, que iria ser financiada pela FINEP, equipada com canhão de 90 e desenho de torre da belga CMI.
O Chassi de Guarani seria encurtado e rebaixado, mantendo o padrão 6×6. O objetivo de incorporar sensores e sistemas, com sistemas de mísseis. Atualmente está sendo estudado o sistema Spike, da israelense RAFAEL.
Adotando uma metodologia chamada de FAMES: FLEXIBILIDADE / ADAPTABILIDADE / MODULARIDADE / ELASTICIDADE / SUSTENTABILIDADE, temos a seguinte declaração:
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“Assim, é possível concluir que, à luz das Bases para a Transformação da Doutrina Militar Terrestre e em particular do FAMES, a Bda C Mec é a estrutura de combate convencional mais atual do Exército Brasileiro, no que se convencionou chamar de Era do Conhecimento. (ver TC Alexandre Mesquita)”
Os Requisitos Operacionais Básicos
Uma análise do ROB de 2014 e posteriormente cruzando com o de 2011, indica que a Viatura Blindada de Reconhecimento – Média de Rodas (VBC-MR) é de fato um caça carros (tank destroyer).
Super especificado, e que terá um custo elevado, o que limitará a aquisição nas quantidades necessárias, e com requisitos conflitantes.
Analisamos pontos selecionados:
ROB 2014 Absolutos |
ROB 2011 Absolutos |
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1 | 3.1.5.Possuir trem de rolamento, no mínimo, do tipo 6×6 (seis por seis), com os mesmos pneus e rodas da plataforma base da Subfamília Média da NFBR. (Peso dez) | 5) Possuir trem de rolamento, no mínimo, do tipo 6×6 (seis por seis). (Peso dez) |
2 | 3.1.33.Possuir condições de ser transportada em aeronave do tipo C-130, KC-390 ou similar. (Peso dez) |
32) Possuir condições de ser aerotransportada em aeronave do tipo C-130, KC-390 ou similar. (Peso dez) |
3 |
3.1.50.Possuir condições de receber, em toda a viatura (plataforma automotiva e torre), proteção adicional externa tipo “grade” ou “rede” que impeça a penetração de munição de lança-rojão (RPG – Rocket Propelled Grenade). (Peso nove) |
Não |
4 |
3.1.68.Possuir, como armamento principal, canhão de 105 mm (cento e cinco milímetros) de alta pressão, capaz de utilizar munições padrão OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte), com movimento vertical entre, no mínimo, -7º e +16º (menos sete graus e mais dezesseis graus), disparando, no mínimo, projéteis dos tipos HEAT (High Explosive Anti Tank), HEP (High Explosive Plastic) e APDSFS (Armour Piercing Discarding Sabot Fin Stabilized). (Peso dez) |
64) Possuir, como armamento principal, canhão com movimento vertical entre, no mínimo, -7º e +18º (menos sete graus e mais dezoito graus), capaz de atingir alvos localizados à distância entre 2.000 m (dois mil metros) e 4.000 m (quatro mil metros), com capacidade para disparar, no mínimo, projéteis dos tipos HE High Explosive, HEAT High Explosive Anti Tank, HEP High Explosive Plastic e APDSFS Armour Piercing Discarding Sabot Fin Stabilized. (Peso dez) |
Desejáveis | Desejáveis | |
1 | Não | 9) Possuir condições de ser lançado de aeronave militar, por intermédio de paraquedas ou voo a baixa altura. (Peso cinco) |
2 | 3.2.11.Ser anfíbia, fluvial, com ou sem preparação, com torre 105 mm (cento e cinco milímetros) ou 120 mm (cento e vinte milímetros), como se segue: | 14) Ser anfíbia, fluvial e marítima com ou sem preparação, como se segue: |
3 |
3.2.15.Possuir torre com condições de substituir o armamento principal para canhão de 120 mm (cento e vinte milímetros) de alta pressão, capaz de utilizar munições padrão OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte), disparando, no mínimo, projéteis dos tipos HEAT (High Explosive Anti Tank), HEP (High Explosive Plastic) e APDSFS (Armour Piercing Discarding Sabot Fin Stabilized). (Peso seis) |
Não |
4 |
3.2.16.Possuir, como armamento principal, canhão de 105 mm (cento e cinco milímetros) de alta pressão, capaz de realizar tiro com movimento vertical superior a +40º (mais quarenta graus). (Peso seis) |
Não |
5 | 3.2.18.Possuir torre com condições de disparar míssil anticarro de alcance superior a 4.000 m (quatro mil metros), através do tubo do armamento principal ou por unidade de tiro integrada externamente à carcaça da torre, com a operação do míssil realizada pelo comandante e/ou atirador. (Peso seis) | Não |
Também acrescemos o item 6 da série desejável.
6 | 3.2.29.Possuir, integrado na torre, sistema de armas com metralhadora calibre 12,7 mm (doze vírgula sete milímetros) ou calibre 7,62 mm (sete vírgula sessenta e dois milímetros), não tripulado, sem cesto, estabilizado, remotamente controlado (Remote Controlled Weapon Station – RCWS), com capacidade de executar um giro de 360º (trezentos e sessenta graus) em até 8s (oito segundos), | Não |
Notas
Operação Serval – Cavalaria Renasce Link
Brigadas Blindadas e Mecanizadas CMS Link
Como equipar? Blindados sobre rodas ou lagartas? O dilema vivido pelo Exército Brasileiro Link
Explorador Moderno – Missões de reconhecimento Link
CENTAURO – 8×8 no BRASIL Link