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No Leste Europeu, cresce o medo da Rússia e a insatisfação com UE e OTAN

O maior número possível de tropas da Otan, estacionadas o mais perto possível da fronteira oriental – e isso o mais cedo possível: assim pode-se resumir a opinião dominante na Polônia quando se trata das expectativas desse país-membro da Otan em relação a seus aliados na atual crise da Ucrânia. Excepcionalmente, já há alguns meses, reina consenso na frequentemente dividida política polonesa: a agressão de Putin à Ucrânia é uma ameaça também à segurança da Polônia.

Lembranças da traumática ocupação por tropas soviéticas na Segunda Guerra Mundial vêm à tona. Como também as lembranças das repressões do período pós-Guerra, quando a Polônia fazia parte do bloco oriental. A imprensa polonesa vê o nascimento de uma nova era de confrontação, já se fala com saudade dos anos logo após as primeiras eleições livres, em junho de 1989. "Foram os melhores 25 anos da Polônia há séculos. Agora acabou", escreve o editor-chefe do importante jornal polonês Gazeta Wyborcza, Adam Michnik.

A cautelosa política da Alemanha em relação a Moscou é criticada por todos os partidos poloneses. "Em caso de emergência, a Alemanha não protegeria a Polônia contra a Rússia", conclui o editor Bartosz Wielinski na Gazeta Wyborcza. E o eurodeputado Pawel Zalewski, renomado representante do partido governista Plataforma Cívica, falou até mesmo de "bombas alemãs na base da Europa". Embora seu partido nutra, na maioria das vezes, simpatia pela Alemanha, ele afirmou que Berlim coloca seus interesses econômicos acima da segurança do Leste Europeu.

A cúpula da Otan no País de Gales, na última semana, não conseguiu reverter essa situação. A Polônia considera um erro o fato de a Alemanha se ater aos acordos entre a Otan e a Rússia, assinados em 1997. O teor dos comentários poloneses é que, embora o país esteja mais seguro depois da cúpula do que antes dela, o destino da Ucrânia está selado porque o Ocidente, freado principalmente pela Alemanha, não está disposto a apoiar a Ucrânia militar ou economicamente.

"O pior cenário é a desintegração da Ucrânia, a impotência da Europa e a continuação da atual estratégia de Putin", alerta Michnik. Sua previsão: "Primeiro, será a vez da Moldávia. Depois, logo escutaremos sobre a terrível perseguição aos russos na Estônia e Letônia, e que eles precisam ser ajudados urgentemente."

Até armas nucleares

Devido ao "congelamento" do conflito na região separatista da Transnístria, a Romênia teme uma propagação da crise da Ucrânia para a vizinha República da Moldávia, onde a maioria da população fala romeno. Recentes declarações do ministro russo do Exterior, Serguei Lavrov, causaram celeuma em Bucareste. Lavrov afirmou que não se deve perder de vista outras regiões da Ucrânia com problemas semelhantes ao leste do país, onde a maioria da população tem origem russa. Especificamente, Lavrov estava se referindo às minorias étnicas dos romenos, húngaros e poloneses no oeste da Ucrânia.

O presidente romeno, Traian B?sescu, afirmou que, numa análise racional, não existe uma ameaça direta para o seu país, mas é preciso preparar-se para o irracional. Diante da escalada da situação no leste da Ucrânia, ele exigiu que a União Europeia (UE) e a Otan equipem as Forças Armadas ucranianas com armamentos. Para o presidente romeno, a era das declarações de intenção e dos capacetes de proteção deve dar lugar a uma nova política de força para conter a Rússia. "Hoje é a vez da Ucrânia, amanhã qualquer um de nós pode ser atingido", disse B?sescu.

O ex-ministro do Exterior da Bulgária Solomon Passy vai ainda mais longe quando se trata da necessidade de armas. Em entrevista à DW, ele reiterou seu pedido para que sejam instaladas armas nucleares de países da Otan na fronteira oriental da aliança. "Devido ao seu caráter dissuasor, armas nucleares evitaram uma Terceira Guerra Mundial no século 20. Essa seria uma solução politicamente equilibrada, que poderia ajudar a estabilizar a situação." Segundo Passy, a medida seria necessária diante da "invasão da Ucrânia por Putin".

Esperanças na OTAN

Já o presidente romeno tem em mente armas convencionais para o seu país. Na cúpula da Otan no País de Gales, ele exigiu a instalação de uma base da Otan na Romênia, exigência compartilhada pela Polônia e outros países bálticos. Além disso, Bucareste quer participar do programa de defesa da Otan contra ataques cibernéticos à Ucrânia.

Na véspera da cúpula, o Conselho Superior de Defesa em Bucareste aprovou o estacionamento de jatos de caça da Otan. Os aviões devem ser empregados no sistema de defesa integrado da aliança. Também na Marinha, a Romênia se esforça por uma cooperação mais estreita com os parceiros da Otan. O motivo: a maior da presença da frota russa no Mar Negro.

 

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