O presidente russo, Vladimir Putin, disse nesta quarta-feira que a Rússia deve manter seu poder de dissuasão nuclear para fazer frente ao que chamou de crescente ameaça de segurança, depois que Moscou testou um míssil nuclear intercontinental.
Com os laços com o Ocidente fragilizados por conta da crise na Ucrânia, Putin também assumiu o controle de uma comissão que supervisiona a indústria de defesa e fez um pedido para que a Rússia se torne menos dependente de equipamentos importados do Ocidente.
O presidente russo afirmou que a Otan está usando a retórica sobre a crise na Ucrânia para "se ressuscitar" e apontou que a Rússia havia alertado repetidas vezes que teria que responder a tais medidas.
Pouco antes de Putin falar, a Rússia testou seu novo míssil intercontinental Bulava, lançado por submarino, uma arma de 12 metros de comprimento que pode proporcionar um ataque nuclear 100 vezes mais forte que a explosão que devastou a cidade japonesa de Hiroshima em 1945.
"Precisamos de uma avaliação completa e confiável sobre as potenciais ameaças à segurança militar da Rússia. Para cada uma dessas ameaças, uma resposta adequada e suficiente deve ser encontrada", disse Putin em reunião com autoridades de defesa no Kremlin.
"Primeiramente, estamos falando de criar uma série racional de capacidades de ataque, incluindo a manutenção da solução garantida da tarefa de dissuasão nuclear".
Ele afirmou que a Rússia deve garantir o desenvolvimento de armas de alta precisão nos próximos anos, embora também tenha dito que "alguém pode estar querendo começar uma nova corrida armamentista. Não iremos participar disso, é claro".
O comandante naval, almirante Viktor Chirkov, disse que o lançamento teste do Bulava havia sido feito no Mar Branco, afirmando que o míssil atingiu seu alvo no extremo oriente da Rússia.
"Em outubro e novembro deste ano, a frota naval irá conduzir mais dois lançamentos com dois cruzeiros equipados com mísseis balísticos", disse Chirkov segundo a agência Interfax.
Um míssil Bulava pesa 36,8 toneladas e pode viajar por 8 mil quilômetros transportando 10 ogivas nucleares. A arma que deve ser o principal trunfo das forças nucleares russas até o fim da década, teve seu desenvolvimento atrasado por conta de uma série de testes mal sucedidos.
A Rússia deve gastar 20 trilhões de rublos (536,81 bilhões de dólares) na modernização de seu Exército, que ainda hoje depende largamente de armas e de tecnologia da era soviética.
Putin reiterou que Moscou encontraria maneiras de substituir as importações da indústria de defesa perdidas por conta de sanções impostas pela União Europeia e pelos Estados Unidos devido à crise na Ucrânia.
"Não estamos planejando suspender intencionalmente a cooperação com nossos parceiros estrangeiros (mas) a nossa indústria deveria ser capaz de produzir equipamentos criticamente importantes, componentes e materiais", afirmou.