O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, está preparado para autorizar ataques aéreos na Síria, levando a campanha militar contra o Estado Islâmico para um terreno novo e imprevisível, informou o jornal "New York Times" na terça-feira, um dia antes de o presidente apresentar seu plano para combater o grupo extremista.
O presidente Obama enfrenta uma série de desafios, incluindo a forma de treinar e equipar uma força terrestre viável para combater o Estado Islâmico dentro da Síria, como intervir sem se aliar ao presidente Bashar al-Assad e como conquistar parceiros relutantes como a Turquia e a Arábia Saudita, destacou o jornal americano.
Em um discurso em horário nobre nesta noite, Obama explicará aos americanos sua estratégia para "degradar e, finalmente, destruir o grupo terrorista", disse a Casa Branca em um comunicado. Fontes informadas sobre os planos do presidente descreveram uma ofensiva de longo prazo muito mais complexa que os ataques contra a al-Qaeda no Iêmen, Paquistão e em outros lugares.
A decapitações de dois jornalistas americanos, James Foley e Steven J. Sotloff, por extremistas do Estado Islâmico, parece ter transformado a opinião pública americana em favor de uma ação militar contra os militantes, de acordo com pesquisas recentes, e parece ter mudado também a posição do presidente que há muito tempo resistiu a um envolvimento militar na Síria. Os Estados Unidos já têm realizado ataques aéreos contra o grupo no Iraque.
Pesquisa divulgada pelo "Washington Post" na terça-feira mostra que a grande maioria dos americanos enxerga extremistas do Estado Islâmico como uma séria ameaça aos interesses vitais dos Estados Unidos e, em uma mudança significativa, apoiam ataques aéreos no Iraque e na Síria.
Na terça-feira, o presidente informou líderes republicanos e democratas na Câmara e no Senado sobre seus planos. Obama disse que acreditava ter autoridade necessária para ordenar uma operação, embora "consideraria bem-vinda uma ação do Congresso que iria ajudar no esforço global", disse o comunicado da Casa Branca.
Obama enfrenta o desafio de conseguir o apoio em casa e uma coalizão no exterior. O governo turco, por exemplo, teme uma retaliação agressiva do Estado Islâmico, que retém um grupo de 49 cidadãos turcos, incluindo o seu cônsul geral, depois de invadirem o Consulado turco na cidade iraquiana de Mossul.
Em casa, o Congresso está dividido sobre a necessidade de uma votação sobre a ação militar antes das eleições de meio de mandato. Uma forma que está sendo discutida seria os legisladores aprovarem 500 milhões de dólares em financiamento para treinar e armar rebeldes sírios que lutam contra o Estado Islâmico.
O secretário de Estado dos EUA, John Kerry, iniciou nesta quarta-feira sua viagem pelo Oriente Médio para consolidar uma coalizão internacional de mais de 40 países para acabar com os extremistas. E o secretário de Defesa americano, Chuck Hagel, reuniu-se com os líderes turcos para discutir a sua contribuição, mas saiu sem acordos concretos.