O presidente norte-americano Barack Obama disse nesta quarta-feira (3) que a morte dos dois jornalistas que foram decapitados pelo Estado Islâmico não ficará impune. Segundo Obama, o objetivo dos Estados Unidos é "destruir" os jihadistas e manter os ataques aéreos. "A Justiça será feita".
De acordo com Obama, destruir o grupo extremista levará bastante tempo e exige a criação de uma coalizão. O conflito na Síria também prejudica a ação americana, explicou o presidente americano, que chegou à Estônia nesta quarta-feira. "Nosso objetivo é claro : desarticular e destruir o Estado Islâmico, para que ele não represente mais uma ameaça para o Iraque e os Estados Unidos", declarou
Nesta terça-feira, o grupo extremista divulgou um vídeo mostrando a decapitação do jornalista americano Steven Sotloff, duas semanas após a execução de James Foley. As mortes são represálias aos ataques americanos contra as posições jihadistas no Iraque.
"Não nos deixaremos intimidar"
“Se esses assassinos pensam que vão vencer matando americanos inocentes como Steven, eles já fracassaram”, declarou Obama. "Eles fracassaram porque os americanos, como pessoas em diversos lugares do mundo, não suportam essa barbárie. Nós não nos deixaremos intimidar", disse. A autenticidade do vídeo foi confirmada pela Casa Branca nesta quinta-feira.
Durante a coletiva, o presidente americano também disse que os ataques aéreos ao Iraque surtiram resultado. "A Justiça será feita", continuou Obama. ‘’Não será uma história de uma semana, um mês ou seis meses, por conta do conflito na Síria e também da própria natureza do Estado Islâmico’’, explicou o presidente americano. ‘’Vamos precisar de tempo.’’
A Casa Branca também anunciou nesta terça-feira à noite que o presidente enviará três emissários ao Oriente Médio: o secretário de Estado John Kerry, o secretário da Defesa Chuck Hagel e a conselheira para a luta contra o terrorismo Lisa Monaco, para construir uma parceria regional mais forte a curto prazo.
Mais soldados para proteger embaixada em Bagdá*
O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, aprovou nesta terça-feira (02/09) o envio de mais 350 soldados a Bagdá para proteger a embaixada do país e seus funcionários. Além disso, os EUA enviarão oficiais de alto escalão ao Oriente Médio para "estabelecer uma forte parceria regional" contra os militantes do chamado "Estado Islâmico" (EI), segundo a Casa Branca.
As ações refletem a preocupação crescente dos EUA com relação à ameaça representada pelos extremistas sunitas do EI, que tomaram partes do Iraque e da Síria e divulgaram, nesta terça-feira, um vídeo que mostra a decapitação de um segundo jornalista americano, Steven Sotloff. O governo americano confirmou a autenticidade do vídeo.
A Casa Branca afirmou que as tropas adicionais enviadas à capital do Iraque não são destinadas para combate. Segundo o Pentágono, o número de soldados para garantir a segurança diplomática no país chegará, assim, a cerca de 820. Mais 300 conselheiros militares estão no país para auxiliar as forças de segurança iraquianas.
Os EUA "continuarão a apoiar os esforços do governo iraquiano para deter o EI, que ameaça não somente o Iraque, mas também todo o Oriente Médio e os funcionários e o interesse dos EUA na região", disse o comunicado divulgado pelo governo.
Segundo o porta-voz da Casa Branca, Josh Earnest, o envio de mais tropas "permitirá que militares enviados anteriormente possam deixar o Iraque, ao mesmo tempo em que proverá uma segurança mais robusta e sustentável para os funcionários e instalações dos EUA em Bagdá".
Nesta quarta-feira, Obama visita a Estônia, antes de rumar para a reunião de cúpula da Otan no País de Gales. Segundo a Casa Branca, o presidente realizará consultas com os aliados da organização sobre medidas adicionais a serem tomadas contra o EI e para "desenvolver uma ampla coalizão internacional com o objetivo de implementar uma estratégia compreensiva para proteger nossos parceiros " contra o grupo extremista.
Desde o início de agosto, os EUA realizaram 124 ataques aéreos contra o EI no Iraque – o último deles nesta segunda-feira, próximo à barragem de Mossul. Em ambos os vídeos divulgados pelo grupo – nesta terça-feira e em meados de agosto, mostrando as decapitações de Sotloff e do também jornalista americano James Foley – os militantes sunitas alegam tratar-se de uma retaliação pelos ataques aéreos dos Estados Unidos contra seus combatentes no norte do Iraque.
Obama tem enfrentado críticas desde que disse, na última semana, que os EUA "ainda não têm uma estratégia" para combater as operações do grupo na Síria.
*Com DW (Deutsche Welle)