O presidente da Ucrânia, Petro Poroshenko, acusou a Rússia de ter invadido seu território ucraniano nesta quinta-feira (28/8), com militares afirmando terem perdido o controle de cidades na fronteira sudeste do país.
Os acontecimentos representariam a abertura de uma “segunda frente” no conflito e forçaram Poroshenko a cancelar uma viagem oficial para a Turquia, onde deveria acompanhar a posse do presidente turco Tayyip Erdogan.
“O presidente precisa ficar em Kiev hoje”, disse Poroshenko, afirmando que “tropas russas entraram na Ucrânia”.
Diante da crise, ele suspendeu uma reunião com o Conselho de Segurança Nacional e Defesa ucraniano e pediu por um encontro de emergência do Conselho de Segurança da ONU.
“O mundo precisa de uma avaliação do severo agravamento da situação na Ucrânia”, afirmou.
Os militares anunciaram a perda de cidades como Novoazovsk, a mais de 100 quilômetros de Donetsk, perto da fronteira russa. Segundo o conselho de segurança nacional, os separatistas pró-Rússia também tomaram as cidades de Amvrosiivka e Starobeshevo e estariam avançando em direção a Mariupol.
No Twitter, o conselho de segurança nacional disse que as forças do governo ucraniano saíram em retirada para “salvarem suas vidas” e que estão agora reforçando a defesa de Mariupol. A cidade portuária tem sido mantida sob controle do governo por semanas após ser brevemente tomada pelos insurgentes logo no início do conflito de cinco meses.
A Otan acredita que mais de mil militares russos estejam operando dentro da Ucrânia, disse um oficial militar da Aliança Atlântica nesta quinta-feira.
"Nós estimamos que bem mais de mil militares russos estão operando agora dentro da Ucrânia", disse o oficial no quartel-general militar da Otan, no sul da Bélgica. "Eles estão apoiando separatistas, lutando com eles."
Passagem para a Crimeia
Observadores avaliam que o avanço russo rumo ao sul, se confirmado, indicaria que Moscou pretende invadir as proximidades de Mariupol para assegurar uma ponte terrestre para a Crimeia, anexada à Rússia no início do ano.
Pouco antes, ainda nesta quinta, o presidente francês, François Hollande havia, descrito a possível presença de tropas russas no leste da Ucrânia como “intolerável e inaceitável”, exigindo de Moscou o “respeito pela soberania ucraniana” e a interrupção do apoio aos rebeldes separatistas.
“A Rússia não pode pretender ser reconhecida como uma potência do século 21 e, ao mesmo tempo, não respeitar as suas regras”, afirmou.
O embaixador dos EUA em Kiev também havia manifestado preocupação, ao anunciar nesta quinta que a Rússia está agora "diretamente envolvida" nos combates no leste da Ucrânia.
"Um número crescente de soldados russos está intervindo diretamente nos conflitos no território ucraniano", escreveu o embaixador Geoffrey Pyatt no Twitter, dizendo que Moscou está "diretamente envolvida".
O embaixador também confirmou as informações da Otan de que a Rússia enviou à Ucrânia seus "mais modernos sistemas de defesa aérea". Segundo um diplomata da Otan, um sistema de defesa aérea russo também foi descoberto na região controlada pelos separatistas no leste da Ucrânia.