Karla Mendes e Renato Cruz
O Estado de São Paulo – 26 Junho 2011
Os problemas na rede da TIM foram tantos que a empresa anunciou, há duas semanas, um plano de investimentos de R$ 1 bilhão em sua rede de acesso. A empresa negou, contudo, que esse investimento esteja ligado aos problemas.
A ideia da empresa, ao firmar um contrato de três anos com a Nokia Siemens, a Ericsson e a Huawei, é se antecipar à demanda, instalando capacidade antes que sua rede chegue perto de congestionar.
A TIM nega que haja deficiência de investimentos para suprir a demanda. Rogerio Takayanagi, diretor de Marketing da operadora, disse a empresa é a que mais investe no setor. "Para o tráfego que estamos fazendo, não tem gargalo. E para a gente não falta dinheiro", ressaltou.
A Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), contudo, tem voltado suas atenções para a TIM. Uma fonte do órgão regulador revelou ao Estado que está sendo feita uma ação de fiscalização para verificar se os investimentos da companhia estão sendo realizados de forma satisfatória para acompanhar o aumento do tráfego.
Além disso, desde o segundo semestre do ano passado, a agência constituiu um grupo de trabalho para acompanhar a expansão da cobertura de terceira geração (3G) pela TIM, metas que, segundo essa fonte, vinham sendo descumpridas. "O grande problema era cobertura. Fizemos um planejamento de melhoria até o fim do ano, estamos acompanhando mês a mês e a empresa tem cumprido as metas", disse.
Há previsão de instabilidade em comunicação via celular, ponderou a fonte. Ela ressaltou, no entanto, que a TIM "fugiu da curva". "O grande problema do setor é a TIM, que começou a apresentar sérios problemas em banda larga e em ligações", ressaltou.
Ampliação. Takayanagi discorda da análise. O executivo explicou que a tecnologia está permitindo que a empresa aumente o tráfego na rede com menos investimentos.
A compra da Intelig, destacou o executivo, foi crucial para a TIM fazer essa "virada" no mercado de longa distância nacional. "A Intelig é uma das redes mais modernas do País. São mais de 15 mil quilômetros de fibra ótica. Compramos a empresa por pouco mais de R$ 800 milhões e ela já agregou mais de R$ 3 bilhões de valor para a TIM", ressaltou.
Em uma rede de fibra ótica, explicou Takayanagi, basta trocar o equipamento que está na ponta da rede para aumentar a capacidade. Ele também nega que haja sobrecarga na rede da Intelig. "Hoje não só transportamos metade das ligações de longa distância do País como ainda sobra muita capacidade", garantiu.
O executivo ressaltou ainda que os indicadores de qualidade da companhia na Anatel têm melhorado significativamente. "Antes da Intelig, a TIM era a sexta operadora em qualidade. Agora revezamos a liderança com a Vivo, enquanto Claro e Oi não conseguem melhorar os índices de qualidade", enfatizou.
Apesar de estar bem nos índices de qualidade, a empresa lidera no número de reclamações junto à Anatel. Em abril, a empresa registrou 0,381 reclamações por mil assinantes, comparados a 0,285 da Oi, que ficou em segundo lugar.
O novo contrato anunciado pela TIM prevê substituir 8,3 mil estações radiobase (equipamentos que vão na antena da rede de celular). Além disso, serão instaladas mais 1,8 mil estações.