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Rebeldes da Síria cruzam fronteira e matam soldados do Líbano

Dez soldados libaneses foram mortos e outros 13 estão desaparecidos após combates com rebeldes sírios neste domingo (03/08) no Líbano, em uma região próxima à fronteira com a Síria. O ataque aumentou a tensão no Líbano por ter sido essa a mais séria demonstração de uma possível expansão do conflito na Síria para o território vizinho.

Numa coletiva de imprensa, o general Jean Kahwaji, chefe das Forças Armadas libanesas, anunciou o balanço dos mortos e confirmou o desaparecimento dos militares no segundo dia de combates.

No sábado, em Arsal, a apenas 90 quilômetros da capital Beirute, confrontos aconteceram logo após a detenção de Imad Ahmad Jomaa, integrante da Frente al-Nusra – braço sírio da al-Qaeda e um dos grupos mais fortes na disputa armada para tirar do poder o presidente sírio, Bashar al-Assad.

Para Kahwaji, o ataque dos militantes islamistas foi premeditado. "Este ataque terrorista que ocorreu ontem (sábado) não aconteceu por acaso, nem por uma coincidência. Ele foi previamente planejado, há muito tempo, e só esperava a hora certa de acontecer, que foi nas últimas 48 horas", disse o general.

A agência estatal de notícias National News informou que Jomaa foi detido ao ser levado a um hospital no Líbano, após ter sido ferido em conflitos com tropas sírias.

Os combates entre rebeldes sírios e forças libanesas teriam ficado concentrados em uma área próxima ao quartel do Exército, bem no centro da cidade. Canais locais de televisão mostraram ambulâncias correndo para a região central e soldados de prontidão nos acessos, impedindo a entrada da imprensa.

É possível que militantes e civis moradores de Arsal também tenham sido feridos, ou mesmo mortos, nos embates. Dos cerca de 1 milhão de refugiados sírios que vivem no Líbano, aproximadamente 100 mil vivem na cidade.

Expansão da guerra

A guerra civil na Síria, que já dura mais de três anos, respingou no Líbano em diversas ocasiões, sempre aumentando a tensão entre sunitas e xiitas e deixando um rastro de mortes. Esta foi a primeira vez, entretanto, que rebeldes sírios penetraram tão longe no território vizinho, desafiando as forças libanesas de segurança em Arsal.

"O que aconteceu hoje é mais sério do que algumas pessoas podem imaginar", afirmou o general Jean Kahwaji durante a coletiva de imprensa.

Um vídeo postado na internet a partir de uma conta ligada à Al-Nusra mostra os libaneses capturados pelos rebeldes sírios sendo forçados a anunciar sua saída das Forças Armadas e do Hisbolá, grupo libanês militante xiita que atua na Síria em apoio a Assad. Um porta-voz dos militares do Líbano disse não poder comentar imediatamente sobre o vídeo.

No Líbano, sunitas e xiitas estão em lados opostos no que diz respeito à guerra na Síria. Sunitas, em sua maioria, apóiam os rebeldes que lutam contra o regime Assad. Em Arsal e entorno vivem milhares de refugiados sírios, e muitas vezes rebeldes usam a cidade como base. Já os xiitas estão do lado do presidente sírio.

Segundo ativistas, Jomaa ficou ferido em uma emboscada na Síria que matou diversos integrantes da oposição no sábado. O Observatório Sírio dos Direitos Humanos, baseado no Reino Unido, disse que as tropas sírias e membros do Hisbolá armaram a emboscada para os rebeldes na região de Qalamoun, fronteira com Arsal.

Tropas do governo sírio apoiadas pelo Hezbollah ocupam praticamente toda a estratégica região de Qalamoun desde novembro passado, dificultando o abastecimento dos grupos rebeldes pelo Líbano.

Mais de 170 mil pessoas morreram desde o início da guerra na Síria, em março de 2011.

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