Os 28 países-membros da União Europeia decidiram nesta terça-feira (29/07), em reunião em Bruxelas, aplicar as mais abrangentes sanções econômicas à Rússia desde o início da crise política na Ucrânia, iniciada em março com a anexação da Crimeia.
Os Estados Unidos e a UE acusam Moscou de apoiar os rebeldes separatistas do leste ucraniano, que teriam sido os responsáveis pela derrubada do voo da Malaysia Airlines, em 17 de julho último.
Os europeus, porém, vinham centrando suas sanções até aqui em indivíduos russos e evitaram impor grandes retaliações econômicas a Moscou, temendo abalos em sua própria economia. Muitos dos membros do bloco têm fortes trocas comerciais com a Rússia.
Os detalhes das novas sanções devem ser anunciados apenas na quinta-feira, quando entrarão em vigor. Mas diplomatas anteciparam, em condição de anonimato, que as medidas se centrarão nos setores de energia, finanças e defesa da Rússia.
As sanções incluirão um embargo na venda de armas e qualquer produto passível de uso militar; proibição a bancos russos de comercializarem ações europeias, além de limitar a exportação de técnicas de extração de petróleo, como forma de minar a já abalada economia da Rússia.
Medidas não retroativas
Além disso, a lista de indivíduos com bens congelados na UE e com proibição de entrarem em território europeu deve ser aumentada, para incluir membros do círculo próximo do presidente russo, Vladimir Putin.
"Essas medidas não representam propriamente um fim, mas um meio de conseguir uma saída negociada e política para a crise", disse o presidente da Comissão Europeia, José Manuel Durão Barroso, na sexta-feira, ao início das deliberações em Bruxelas.
Segundo fontes diplomáticas, as medidas não deverão ser retroativas, o que beneficia Paris. O governo francês pretende levar adiante a entrega de navios de guerra encomendados pela Rússia, apesar da oposição da maioria dos membros do bloco.
No fim de semana, após os países-membros acenarem com a possibilidade de expandir as sanções, a Rússia criticou duramente as medidas da União Europeia. O Ministério das Relações Exteriores russo advertiu que o bloco estava pondo em risco a cooperação internacional em segurança.
"A lista ampliada de sanções é uma prova clara de que a UE segue em direção a uma ruptura da cooperação com a Rússia em questões de segurança internacional e regional", declarou o chanceler Serguei Lavrov.