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ELEIÇÕES 2014 – Candidatos aproximan-se dos movimentos sociais


João Valadares
Colaborou Paulo de Tarso Lyra

Os três principais candidatos na disputa eleitoral pela Presidência da República intensificaram as articulações com movimentos sociais, setores da juventude, ONGs e representantes de minorias neste início de campanha eleitoral. Ontem, foi a vez do senador tucano Aécio Neves (MG). Ele visitou o centro cultural do Afroreggae, na favela de Vigário Geral, no Rio de Janeiro. O ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos (PSB) conheceu o local há um mês. Na terça-feira, o comitê de campanha da presidente Dilma Rousseff se reúne com integrantes do Instituto Sou da Paz para debater propostas voltadas à área de segurança pública. No fim de agosto, a petista deve se encontrar com representantes da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag).

O secretário nacional de Reforma Agrária da Contag, Zenildo Pereira, afirmou que debaterá uma pauta ampla de reivindicações com todos os candidatos. "Nesse início de campanha, ainda não tivemos uma reunião para que eles assumissem compromissos em relação ao assentamentos de famílias. Vamos sentar com os principais candidatos. É papel nosso. Estamos no início de articulação", afirmou.

O secretário de Educação da Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais (ABGLT), Toni Reis, reconhece a boa vontade dos presidenciáveis, no entanto, cobra um posicionamento mais claro em relação à defesa dos homossexuais. "Queremos o debate e vamos cobrar um posicionamento dos candidatos. São necessárias ações mais fortes, mais contundentes. Já entramos em contato com as coligações. Há segmentos específicos dentro dos partidos para tratar a questão", explicou. De acordo com Reis, os encontros estão sendo marcados e devem ocorrer até o fim de agosto. "Estamos procurando as formações dos partidos e queremos conversar para que fiquem claras as ideias dos presidenciáveis", atestou.

Integrante do Núcleo de Estudos Afrobrasileiros da Universidade de Brasília (UnB), Nelson Inocêncio declara que a questão racial está na pauta oficial, mas ressalva que, tomando a campanha eleitoral neste exato momento, os três principais candidatos precisam elaborar um discurso com mais propriedade. "Em linhas gerais, o problema é que parece que os candidatos não dão importância ao eleitorado negro. E é uma parcela muito expressiva. A população autodeclarada negra no Brasil chega a mais de 50%." O professor defende a valorização do voto negro. "Parece-me que, até o momento, as assessorias dos candidatos não tenham se dado conta de que é importante valorizar o voto negro. Essa demanda tem que partir também dos movimentos sociais. É importante sensibilizar a comunidade negra para valorização do voto", comentou.

Maioridade

Durante a visita para conhecer o projeto cultural, em Vigário Geral, Aécio defendeu a redução da maioridade penal em caso de crimes hediondos e aproveitou para atacar a presidente Dilma Rousseff (PT). "A diferença central da nossa campanha para a da presidente é isso aqui, eu estou andando pela rua, sem ninguém. A nossa campanha vai ser olhando para as pessoas. Por enquanto, a presidente tem tido dificuldade de se apresentar à população, os eventos são fechados", afirmou.

O candidato tucano não respondeu se já tinha pousado no aeroporto de Cláudio, em Minas Gerais, alvo de questionamento por ter sido construído na fazenda do seu tio-avô durante sua gestão à frente do governo mineiro e repetiu o argumento de que, durante seu governo, várias pistas foram construídas em diferentes locais. Ele declarou que a questão já havia sido esclarecida. "De novo? Isso já foi mais do que esclarecido. O estado de Minas não fez um, fez mais de 30 aeródromos. Foram milhares de licitações, todas levando em conta o interesse público. É natural que haja uma exploração política, tenho uma vida ilibada, correta. Todos os esclarecimentos estão sendo dados, e os que ainda forem necessários, serão", concluiu.

As propostas

Confira algumas ideias no campo social e para as minorias defendidas pelos presidenciáveis nos programas de governo

 

Aécio Neves

– Defender e manter ações afirmativas de inclusão social, inclusive cotas, em razão de raça

– Estimular os movimentos afrodescendentes, LGBT, indígena e cigano para promoção de eventos contra o racismo e homofobia

– Fortalecer a Ouvidoria Nacional de Direitos Humanos

– Implementar programas de apoio e auxílio a comunidades quilombolas

– Priorizar investimento em áreas de risco, favelas e assentamentos precários das metrópoles brasileiras e cidade de médio porte

Dilma Rousseff

– Ampliar políticas sociais que incidem sobre o conjunto da população negra e pobre

– Reforçar o Sistema Nacional de Promoção da Igualdade Racial e as políticas afirmativas contra a discriminação racial

– Reconhecer terras quilombolas e valorizar o apoio à comunidades tradicionais por meio dos diversos grupos etnicorraciais

– Fortalecer a reforma agrária como forma de combater a pobreza

Eduardo Campos

– Implementar a Política Nacional de Povos e Comunidades Tradicionais e Quilombolas, reconhecendo e respeitando seus direitos, conhecimentos, práticas, tradições e suas formas de organização social

– Garantir os processos de demarcação e homologação das terras indígenas e as possibilidades de desenvolvimento e autonomia dos povos indígenas

– Ampliar aos diferentes grupos étnicos, raciais, religiosos, de gênero e aqueles apoiados nas diferentes opções sexuais o espaço próprio de participação política e de respeito e atenção às suas demandas específicas

– Reforçar políticas de igualdade racial, inclusive a manutenção das cotas, como parte de um processo de restauração do equilíbrio aos desequilíbrios históricos contra as minorias

– Retomar e qualificar a reforma agrária, que promova o desenvolvimento do campo com justiça social, garanta o acesso à terra e bem-estar para as famílias de pequenos produtores no meio rural
 

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