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MH17 – Caixas-pretas não respondem todas as perguntas, diz perito

Com quatro vítimas no voo MH17 da Malaysia Airlines, a Alemanha vai colaborar com as investigações sobre as causas da tragédia. Um dos primeiros passos será ter acesso às caixas-pretas, que estariam sob controle dos separatistas pró-Rússia.

Isso, porém, não significa decifrar exatamente o que aconteceu com o Boeing, afirma Jens Friedemann, perito do Escritório Alemão para a Investigação de Acidentes Aéreos (BFU). Segundo ele, há três elementos básicos que devem ser investigados: histórico dos ocupantes do avião, situação dos destroços e condições do entorno, como clima e espaço aéreo.

DW: O que é exatamente investigado após acidentes aéreos?

Jens Friedemann: Na investigação dos destroços no local do acidente, trata-se de constatar como o avião caiu: se ele estava inteiro ou perdeu partes durante o voo; com que inclinação longitudinal ou transversal; se os motores estavam funcionando e outras informações. A partir da posição dos destroços, podem surgir indícios que indicam se o avião se partiu em grande altitude. Além disso, testemunhas são entrevistadas.

Longe do local do acidente são obtidas informações que o sistema de radar coletou: dados de altitude, trajetória de voo ou velocidade. A comunicação por rádio também é verificada.

A bordo do avião há diferentes armazenadores de dados. Há a caixa-preta, que armazena os parâmetros técnicos: o número de rotações do motor, o volume de fluxo de combustível, velocidades – são muitas centenas de parâmetros armazenados. E há também o gravador de voz da cabine dos pilotos. Existem ainda outros aparelhos de registro de dados, que não são à prova de impacto. Eles também podem conter dados, mas pode ser que eles tenham sido destruídos.

Qual a dificuldade de se encontrar uma caixa-preta?

Elas possuem uma determinada cor que ajuda a encontrá-las. Quando se sabe o que se está procurando e onde elas estão instaladas, então fica fácil encontrar. Elas são firmemente embutidas e não costumam se desprender sozinhas.

Qual a importância de uma caixa-preta na elucidação da causa de um acidente?

Não é apenas achando a caixa-preta que todas as perguntas estão respondidas. Uma parte fundamental provém dela, mas, de forma alguma, tudo. Em termos simples, existem três áreas de investigação: primeiramente, tudo o que está relacionado aos ocupantes do avião, principalmente aos pilotos. Que experiência eles tinham? Que treinamentos tiveram? Quantas horas tinham de voo?

A segunda parte se refere aos destroços, fragmentos suspeitos, avarias, mas também ao histórico de manutenção de determinados sistemas. A terceira área está nos fatores do entorno, condições do tempo, características do controle de tráfego aéreo e do espaço aéreo. Trata-se da interação entre essas áreas.

É possível avaliar os dados dos satélites de forma que mísseis também possam ser reconhecidos?

Depende dos satélites que se tem à disposição. E, claro, se as informações estão disponíveis. Alguns satélites possuem instalações técnicas para coletar determinadas coisas, outros não. Geralmente, é bem possível que seja detectado todo tipo de coisa. No caso específico, não sei responder no momento.

Você já investigou algum avião que foi abatido por um míssil?

Não, nunca tive um caso como esse.

Quando o Escritório Alemão para a Investigação de Acidentes Aéreos é acionado?

A investigação de acidentes aéreos e incidentes graves com aeronaves civis é regulamentada pela Convenção de Chicago, ratificada pela maior parte dos países do mundo. Lá está estabelecido quem deve assumir a investigação e quem pode ou deve participar dela.

Os países fabricantes têm o direito de participar, assim como o país de origem da companhia aérea. E há também certos direitos para os países cujos cidadãos estão entre as vítimas.

Basicamente, um acidente implica várias investigações. Há a identificação das vítimas. Neste caso, também ajudam especialistas do Departamento Federal de Investigações. Há então uma parte da investigação pelo Ministério Público, encarregado de procurar os responsáveis, que serão provavelmente processados.

E, fora isso, há a investigação das causas do acidente. Segundo a Convenção de Chicago, isso envolve organismos internacionais e, se for o caso, também o BFU.

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