O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, confirmou nesta sexta-feira (18/07) que há evidências de que o avião da companhia aérea Malaysia Airlines realmente foi abatido por um míssil terra-ar lançado a partir de uma área do Leste da Ucrânia que está sob controle de separatistas da autoproclamada "República Popular de Donetsk".
Enquanto as circunstâncias exatas do incidente ainda não foram determinadas, Obama acusou o governo russo de apoiar os rebeldes que atuam na região de onde, segundo os EUA, foi lançado o míssil que derrubou o avião. Além disso, criticou que o governo russo não quer avançar da forma necessária para acabar com o conflito no leste da Ucrânia.
"Obviamente, nós estamos começando a retirar algumas conclusões considerando a natureza do disparo que foi dado", afirmou o presidente no pronunciamento feito na Casa Branca. "Existem somente alguns tipos determinados de mísseis antiaéreos que podem alcançar 30 mil pés e derrubar um jato de passageiros."
O presidente classificou o incidente de "tragédia global" e pediu que seja realizada uma "investigação internacional crível". Além disso, Obama – como também a chanceler federal alemã, Angela Merkel, e o presidente russo, Vladimir Putin – pediu a adoção de um cessar-fogo que permita o acesso irrestrito de especialistas internacionais à área do acidente.
Crise além da Ucrânia
Ele afirmou também que o incidente com a aeronave da companhia aérea malaia, que realizava a rota entre Amsterdã e Kuala Lampur, nesta quinta-feira, mostrou que a crise da Ucrânia não é localizada ou abrange somente a região. Obama confirmou, ainda, que um cidadão americano, chamado Quinn Lucas Schansman, também estava a bordo da aeronave.
Segundo Obama, o tamanho do incidente revela que já passou da hora de restabelecer a paz na região, que está em conflito desde a anexação da península da Crimeia pela Rússia. O presidente americano elogiou também os esforços do governo de Kiev em adotar um cessar-fogo e um plano de paz. "Mas os esforços têm sido minados pela ação dos rebeldes graças ao apoio russo", criticou.
O avião da Malaysia Airlines, com 298 pessoas a bordo, fazia a rota entre Amsterdã e Kuala Lumpur e desapareceu dos radares da Ucrânia a uma altitude de 10 mil metros. O Boeing-777 perdeu a comunicação com terra na região oriental de Donetsk, perto da cidade de Shaktarsk, e palco de combates entre forças governamentais ucranianas e rebeldes pró-Rússia.
Merkel pede apuração independente
Entre as vítimas, estavam 189 holandeses, 44 malaios (já incluídos os 15 membros da tripulação), 27 australianos, 12 indonésios, nove ingleses, quatro alemães e quatro belgas, três filipinos, um canadense e um neozelandês. A companhia Malaysia Airlines informou que as autoridades ainda não determinaram a nacionalidade de quatro passageiros.
Nesta sexta-feira, Merkel exigiu a realização de uma investigação independente e rápida sobre a queda do avião da Malaysia Airlines. A chanceler federal alemã pediu que a Rússia garanta uma "solução política" para o conflito entre forças separatistas e governo ucraniano.
Em entrevista em Berlim, a chanceler federal afirmou que há muitos indícios de que houve um ataque ao avião da Malaysia. Ela evitou apontar responsáveis, mas insistiu na necessidade de uma investigação independente, considerando que a única saída para o conflito na Ucrânia é encontrar uma solução política e, neste contexto, apelou à responsabilidade da Rússia.
Merkel voltou a pedir que o presidente Vladimir Putin trabalhe para conseguir alcançar um cessar-fogo. "Não há nenhuma alternativa razoável", afirmou a chanceler.