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EMBRAER – Analistas estimam entrega de 25 jatos no 2º trimestre

A fabricante de aeronaves Embraer entregou cerca de 25 jatos no segundo trimestre de 2014, de acordo com as estimativas de analistas que acompanham a empresa, com base em dados do governo sobre exportações. Os números não consideram as vendas para a aérea Azul, cliente brasileira da companhia.

Pelos cálculos do Credit Suisse, as entregas ficaram entre 24 e 27 aviões, números melhores do que a previsão anterior de 21 unidades. Segundo a casa de análise, o volume deve ajudar a diluir alguns custos fixos e compensar parcialmente o pior mix de entregas que a Embraer deve mostrar nos meses de abril, maio e junho.

A melhora compensa também o lado negativo da dependência no mercado americano, cujas vendas no período tiveram desconto por volta de 10 pontos percentuais acima da média de 29%.

"O mix de entregas não está tão bom quanto esperávamos, com menos de 50% das unidades sendo do modelo E190, um dos maiores modelos da companhia. No segundo trimestre, se [for considerada] 

a entrega de 24 aeronaves, 16 seriam E175, cinco E190 e três E195. Além disso, a empresa exportou duas unidades do Lineage, no segmento executivo", diz o analista Bruno Savaris, do Credit, em relatório. De acordo com a Azul, diz Savaris, a Embraer entregou três jatos modelo E195.

Para o Morgan Stanley, as entregas da Embraer devem totalizar 25 unidades de abril a junho e o mix deve ficar parecido com o que foi apresentado no primeiro trimestre. De acordo com a equipe de Eduardo Couto e Ricardo Alves, os sólidos resultados do trimestre devem reforçar as projeções da empresa para o ano.

"Estimamos margem Ebitda de 7,3% no trimestre. Dada a melhora significativa de um trimestre para o outro no número de aeronaves entregues, vemos mais chances de alta do que de baixa em nossas projeções, apesar do mesmo mix em aviação comercial", afirmam os especialistas. O Morgan diz ainda que vai esperar os números oficiais da empresa, que saem na segunda-feira, para avaliar qualquer mudança em suas estimativas.

No balanço do período, o segmento de defesa e segurança não deve vir tão bom quanto no primeiro trimestre, na opinião da analista Sandra Peres, da Coinvalores. Em janeiro, fevereiro e março, os dados desse mercado inflaram os resultados, com crescimento de 87% da receita da área. "Os números foram beneficiados pelo programa do governo federal para manutenção de aeronaves da Força Aérea Brasileira (FAB)", explica a profissional.

Savaris, do Credit, lembra em relatório que as ações da Embraer acumulam alta de 10% desde meados de maio até ontem. Segundo ele, a valorização deriva da percepção do mercado de que a companhia pode garantir algumas encomendas, sobretudo da segunda geração de jatos, durante a 49ª Feira Internacional de Farnborough (FIA), que será realizada próximo a Londres (Inglaterra), na próxima semana.

Há dúvidas entre analistas se o evento será tão produtivo para a companhia. Muitas empresas aéreas que vão participar já fizeram suas encomendas e, além disso, a indústria não está em um momento especialmente favorável. Por isso, diminuiria a chance de o fabricante registrar ordens muito significativas, como aconteceu no ano passado.

A Embraer não encontra grandes dificuldades com um competidor direto, apesar de a canadense Bombardier ter jatos equivalentes, na avaliação de analistas. Há alguns anos, a concorrente lançou uma nova série de jatos, o CSeries, mas tem atrasado entregas e dado vantagem para a Embraer nos segmentos de pequeno e médio porte de aviões.

Na opinião de Ronald J. Epstein, analista do setor aeroespacial do Bank of America Merrill Lynch (BofA), quando o assunto é aviação regional, a brasileira é a líder em vendas e tem uma carteira de pedidos mais forte. "A Embraer tem uma carteira de pedidos melhor do que a Bombardier. No geral, é uma carteira muito forte. Não é tão grande quanto a da Boeing ou da Airbus, mas elas atuam em segmentos diferentes do mercado. No segmento que ela está, a companhia faz um ótimo trabalho."

A Bombardier lançou uma nova série de jatos e arcou com todos os risco que um novo projeto traz. Com a iniciativa, a empresa entrou em mercados dominados pelas gigantes Airbus e Boeing, com uma estratégia arriscada.

Para um analista que prefere não ser identificado, até os novos aviões entrarem em operação – o que deve acontecer em 2016 -, a empresa brasileira aproveita a posição por possuir uma geração atual de aviões mais eficientes e por poder oferecer mais descontos aos clientes, o que a canadense não consegue pela sua queima de caixa excessiva com o projeto.

Assim que os jatos da CSeries entrarem em operação, no entanto, devem ser melhores e mais eficientes que os da Embraer. O profissional lembra, por outro lado, que a nova geração de jatos E2 deve entrar em operação apenas dois anos após a concorrente, o que não deixa a fabricante para trás.

A Embraer fez a reengenharia dos seus produtos com o lançamento dos jatos da segunda geração e não precisou fazer marketing excessivo, como a concorrente. A Bombardier tem muita queima de caixa e não consegue entregar os jatos nos prazos previstos. Dessa maneira, a dinâmica fundamentalista é vender ações da canadense e comprar da brasileira, apesar do valor das ações estar caro.

A dificuldade no momento para as duas é que as companhias aéreas tendem a aguardar as novas gerações do que encomendar aviões com a tecnologia antiga. Por isso, existe a dificuldade de converter opções em pedidos firmes.

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