Porto Príncipe, 06/06/2014 – Desde a última quarta-feira (4), 1.377 militares, na maioria vindos da região de Marabá (PA), formam as forças de paz brasileiras na Missão das Nações Unidas para Estabilização do Haiti (MINUSTAH). Sob o comando do coronel Vinícius Ferreira Martinelli, o 20º Contingente tem o objetivo de, nos próximos seis meses, consolidar a pacificação da capital Porto Príncipe e propiciar um ambiente sócio-político no qual as instituições haitianas possam se fortalecer.
Na cerimônia de substituição de tropas, o force commander da MINUSTAH, general José Luiz Jaborandy Júnior, elogiou a atuação das forças brasileiras – que compõem a maior parte do efetivo desde que a missão foi criada pelo Conselho de Segurança da ONU em 2004. Jaborandy enalteceu o caráter cooperativo dos militares brasileiros e disse sentir-se honrado com o trabalho realizado pelo Brasil no país caribenho ao longo dos últimos dez anos.
“Reconheço o apreciável espírito de corpo que sempre caracterizou – e continua a caracterizar – as tropas brasileiras no Haiti. Nos enche de orgulho, como soldados do Brasil, verificar a camaradagem e a união existente entre todos aqueles que têm o privilégio e a honra de conduzir a bandeira nacional em solo haitiano”, destacou o force commander.
Durante a solenidade, foi lido discurso do ministro da Defesa, Celso Amorim. Além do coronel Martinelli, chefe do Batalhão Brasileiro de Infantaria (Brabat), foram designados o capitão-de-mar-e-guerra (FN) Osmar da Cunha Pena, para o Grupamento Operativo de Fuzileiros Navais, e o tenente-coronel Alessandro da Silva, comandante da Companhia Brasileira de Engenharia (Braengcoy) na MINUSTAH.
O 20º Contingente
Composto por homens e mulheres de 18 estados do Brasil, o 20º Contingente conta com 887 militares do Exército Brasileiro (EB), 245 da Marinha do Brasil (MB) e 34 da Forca Aérea Brasileira (FAB); além de integrantes das Forças Armadas de outros países – sendo 31 paraguaios, 2 canadenses e 1 boliviano. Já a Braengcoy é formada por 177 militares do EB especialistas na execução de obras.
São 16 as mulheres que compõem as forças brasileiras. Entre elas, 13 – 11 do Exército e duas da Marinha – irão servir no BRABAT. Já as outras três, também do EB, atuarão no companhia de engenharia.
Capitão-tenente da Marinha, a médica Denise Rocha está determinada a fazer o melhor em sua primeira missão no Haiti.
“Venho para esta missão de paz em um país que passa por inúmeras dificuldades, com grande vontade de desenvolver o meu trabalho da melhor forma possível e deixar minha contribuição para um povo tão sofrido”, afirmou a capitão-tenente.
O efetivo militar brasileiro conta ainda com capelães, psicólogo, nutricionista, fisioterapeuta, assessoria jurídica, assessoria de comunicação, dentistas e médicos. Este aparato possibilita à tropa equilíbrio e preparo físico e psicológico para seguir focados na missão.
A tropa permanece por seis meses no Haiti para dar continuidade ao bem-sucedido trabalho de manutenção de um ambiente seguro e estável, apoio às atividades de assistência humanitária e fortalecimento das instituições nacionais haitianas. Mas a ajuda vai além das escoltas e patrulhas.
Os militares também realizam as chamadas ações de Cooperação Civil-Militar (CIMIC) nas quais atuam em escolas e orfanatos e fazem diversas atividades como: procedimentos de higiene bucal, doação de alimentos e brinquedos e oficinas de desenho para milhares de crianças.
Os avanços em Citè Soleil
Para os que partem, fica a saudade dos amigos locais, mas também, a sensação de dever cumprido. Depois da experiência de servir no Haiti em 2004, o comandante da 2ª Companhia de Fuzileiros de Força de Paz, capitão do Exército Márcio Rodrigo Ribas, retornou em 2014 para compor o 19º Contingente.
Responsável pela área de Citè Solei, uma das regiões mais violentas do Haiti, ele afirma que os avanços atingidos na região são expressivos. “Em 2004, o Haiti era muito pior do que vemos hoje. Durante os 10 anos da presença da MINUSTAH aqui, podemos observar um avanço muito grande na estrutura de segurança”, afirmou.
Para o capitão, o índice de criminalidade diminuiu graças à presença dos militares na área. “Antigamente, em Citè Solei, só se entrava com carros blindados. Era uma região dominada por bandidos que disputavam território. Atualmente, a região está iluminada devido aos projetos da ONU de iluminação solar”, afirmou.
Para o comandante da 2ª Companhia, o legado é ver no povo haitiano a esperança de poder viver – e não apenas a de seguir sobrevivendo.
“Ver o haitiano sempre sorrindo e buscando melhor qualidade de vida é engrandecedor. O nosso soldado sai daqui uma pessoa muito melhor do que quando chegou, pois nosso objetivo sempre foi o de ajudar um país a se reerguer e a desenhar uma nova história”, ressaltou o capitão Ribas.