Após reunião em Moscou com o presidente da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE), Didier Burkhalter, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, disse nesta quarta-feira (07/05) que retirou suas tropas da fronteira e que pediu aos separatistas no leste ucraniano que adiem o referendo, marcado para 11 de maio, sobre o destino da região – predominantemente russófona.
Putin afimou ainda que está disposto a discutir opções para pôr fim aos conflitos na Ucrânia, que resultaram em cerca de 90 mortes na semana passada. "Sabemos que o senhor tem suas propostas, suas ideias de como encontrar um caminho para sair dessa situação", afirmou Putin na reunião com Burkhalter. "Nossa posição também é conhecida. Vamos tentar analisar a situação para buscar formas de sair dessa crise."
Na terça-feira, os ministros do Exterior da União Europeia, Ucrânia e Rússia se encontraram em Viena para discutir a crise. O chanceler interino ucraniano, Andriy Deshchytsia, afirmou que Moscou deve reconhecer a eleição presidencial marcada para o dia 25 de maio e contribuir para abafar o movimento separatista, antes de prosseguir com as negociações.
Anteriormente ao seu encontro com Putin, Burkhalter havia dito que as hostilidades na Ucrânia deveriam terminar antes da realização do pleito. "Precisamos de um cessar-fogo para as eleições", afirmou o diretor da OSCE, que também é o atual presidente e ministro do Exterior da Suíça.
Também nesta quarta-feira, o Fundo Monetário Internacional (FMI) entregou a primeira parcela da ajuda financeira à Ucrânia. Os 2,3 bilhões de euros são parte do total de 17 bilhões do pacote de ajuda da entidade. Com essa quantia, a Ucrânia deverá pagar sua dívida com a fornecedora de gás russa Gazprom, que ameaçou cortar o abastecimento ao país caso não recebesse o pagamento.
Otan cautelosa
Sobre o referendo no leste ucraniano, Putin disse que seu adiamento poderá criar condições para o diálogo entre os separatistas e as autoridades ucranianas. A votação proposta pelos separatistas visa ratificar a independência de duas províncias ucranianas, com 6,5 milhões de habitantes e responsáveis por um terço da produção industrial do país.
"Sempre nos dizem que nossas forças na fronteira ucraniana causam preocupação. Nós as removemos. No dia de hoje, elas já não estão mais localizadas na fronteira com a Ucrânia, mas sim em locais onde podem conduzir suas tarefas normais em campos de treinamento", afirmou.
Entretanto, um funcionário da Otan disse que a aliança ocidental ainda não viu sinais de que as tropas russas teriam retrocedido. "Não temos indicações de mudanças na posição das forças militares russas ao longo da fronteira com a Ucrânia", disse à agência de notícias Reuters.
Em relação à eleição presidencial na Ucrânia, marcada para 25 de maio e que Moscou havia considerado "absurda" em meio aos confrontos, o presidente russo adotou uma postura mais branda. "Gostaria de insistir que a eleição, apesar de ser um passo na direção correta, não decide nada se todos os cidadãos da Ucrânia não entenderem como serão protegidos os seus direitos ", disse Putin.