O governo da Ucrânia reiniciou nesta quarta-feira a ofensiva contra os rebeldes pró-russo do leste do país, após uma trégua pela Páscoa, e as autoridades de Kiev disseram ter o apoio dos Estados Unidos.
Motivado em parte pela descoberta do corpo de um político ucraniano com marcas de tortura, as autoridades decidiram retomar a "operação antiterrorista" contra milícias separatistas que ocupam prédios públicos em cerca de uma dúzia de localidades.
Mas não está claro o que Kiev pode fazer para restaurar sua autoridade nas regiões russófonas sem violar o acordo internacional, assinado na semana passada em Genebra, que busca resolver o impasse.
A crise ucraniana, no seu quarto mês, fez com que as relações entre Rússia e o Ocidente alcançassem seu pior momento desde o final da Guerra Fria. Uma maior escalada pode levar a sanções econômicas prejudiciais, às quais a Rússia pode retaliar interrompendo o fornecimento de gás para a Europa.
"As forças de segurança estão trabalhando na liquidação dos grupos armados ilegais" no leste da Ucrânia, disse o vice-premiê Vitaly Yarema a jornalistas. "As atividades correspondentes serão realizadas no futuro próximo, e vocês verão os resultados."
O governo ucraniano que tomou posse após a queda do presidente pró-russo Viktor Yanukovich, parece mais confiante depois de receber na terça-feira a visita do vice-presidente dos EUA, Joe Biden.
Ele trouxe um pacote de ajuda e pediu à Rússia que controle as milícias separatistas ucranianas. "Obtivemos o apoio dos Estados Unidos, eles não nos deixarão sozinhos com um agressor. Esperamos que, no caso de agressão russa, essa ajuda seja mais substancial", afirmou Yarema.
Os EUA e a Otan já deixaram claro que não intervirão militarmente na Ucrânia. Mas o Pentágono anunciou o envio de 600 soldados para a Polônia, Letônia, Estônia e Lituânia para realizarem exercícios de infantaria, numa atividade destinada a tranquilizar os países da Otan.
A Ucrânia e governos ocidentais acusam a Rússia de usarem agentes infiltrados para fomentar a inquietação no leste da Ucrânia. Moscou nega isso e diz que os ucranianos do leste se rebelaram espontaneamente contra um governo ucraniano que seria, segundo essa versão, ilegítimo e alinhado com nacionalistas de ultradireita.
Em Moscou, o chanceler russo, Serguei Lavrov, disse que a uma TV que a Rússia reagirá se os interesses de cidadãos russos forem atacados. "Que cidadãos russos sejam atacados é um ataque contra a Federação Russa", afirmou, repetindo um argumento já usado para justificar a anexação da península da Crimeia por Moscou.